Há alguns anos cientistas tentam entender porque as orcas estão “atacando” embarcações e iates de luxo nas águas da Península Ibérica. Considerados animais inteligentes e sociais, o comportamento destrutivo não tem nenhuma ligação com agressividade ou briga por território. Pelo menos é o que sugere uma nova investigação.

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Afinal, por que as orcas são atraídas por barcos?

  • Uma equipe de biólogos, especialistas e representantes da indústria marinha se uniram para saber mais e divulgaram as descobertas.
  • Em poucas palavras, as orcas, especialmente as mais jovens, só querem brincar e se divertir com as embarcações.
  • O relatório revela que uma combinação de tempo livre, curiosidade e diversão levou as jovens orcas a adotarem esta “tendência” de saltar e balançar barcos.
  • Nas águas europeias, foi visto um salto expressivo na população de atum rabilho, um dos pratos preferidos das orcas. Na prática, isso significa que elas também gastam menos tempo caçando alimento, sobrando espaço no dia para novos “hobbies”.
  • Analisando dados recolhidos, os cientistas também descobriram que os “ataques” geralmente envolviam dois animais por vez, em grupos de 15.
A maioria das orcas jovens atraídas por barcos são do sexo masculino, considerados mais curiosos e exploradores. Imagem: Willyam Bradberry/Shutterstock

A equipe observa ainda que esse comportamento foi observado primeiro por volta de 2017, mas as interações ainda não geravam nenhum dano. Agora que as orcas são maiores e mais fortes, o jogo ficou mais perigoso.

Os cientistas também suspeitam que orcas mais jovens viram irmãos mais velhos brincando com os barcos e depois apenas copiaram.

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Nenhuma orca com mais de 25 anos foi vista participando da brincadeira. Imagem: Stuedal/Shutterstock

Conhecidos por serem sensíveis às tendências, o estudo diz que “as baleias assassinas brincam com outros objetos ou animais em seu ambiente a ponto de danificá-los, então esse comportamento parece estar nesse espectro (…) Algumas populações também podem desenvolver ‘modismos’ comportamentais incomuns e temporários que não parecem servir a nenhum propósito adaptativo óbvio“.

No fim, a equipe conclui que as interações entre as orcas ibéricas e os navios, embora danosas, não são agressivas. “As interações têm mais elementos consistentes com o comportamento da moda ou com brincadeira/socialização do que com agressão“.

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Comportamento pode acabar?

É esperado que a tendência de brincar com os barcos seja eliminada da rotina das orcas mais cedo ou tarde. De qualquer forma, a agência espanhola de resgate marítimo (SASEMAR) recomenda que proprietários de barcos não se aventurem muito longe da costa.

Há duas semanas, um número desconhecido de orcas “atacou” e afundou um iate de 15 metros no Estreito de Gibraltar, entre Espanha e o Norte de África. Segundo o NewAtlas, passageiros e a tripulação foram resgatados por um petroleiro.

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Desde 2020, o Atlantic Orca Working Group (GTOA) relata que aconteceram 673 “interações” entre animais marinhos e embarcações, com pelo menos quatro barcos afundando.