Pesquisadores concluíram que a infecção pelo parasita Toxoplasma gondii pode causar mudanças comportamentais em lobos. Análises de sangue apontaram que os animais infectados são mais propensos a se tornarem líderes de matilha. Parece algo benéfico, mas há um objetivo oculto e inusitado.

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Toxoplasma gondii (Imagem: Todorean-Gabriel/Sshutterstock)

Modus operandi do T. gondii

  • O organismo microscópico só pode se reproduzir sexualmente nos corpos de felinos, mas pode infectar e prosperar em praticamente todos os animais de sangue quente.
  • Isso também inclui os seres humanos, que desenvolvem uma doença parasitária tipicamente assintomática chamada toxoplasmose.
  • Uma vez que está em outro hospedeiro, o T. gondii precisa encontrar uma maneira de infectar um felino para continuar seu ciclo reprodutivo.
  • Para isso, o parasita faz com que suas vítimas (no caso de ratos infectados, por exemplo) corram mais riscos de serem caçados por gatos.
  • Para animais maiores, como chimpanzés, o comportamento diferenciado visa ser caçado por um leopardo. 
  • Já Hienas infectadas são mais propensas a serem mortas por leões.
Matilha de lobos cinzentos (Imagem: Pat-s pictures/Sshutterstock)

Impactos nos lobos

Os lobos, por sua vez, não são presas de felinos. No entanto, no caso dos lobos cinzentos (Canis lupus) que habitam o Parque Nacional de Yellowstone, às vezes seu território se sobrepõe ao dos pumas (Puma concolor).

Segundo os pesquisadores, lobos que habitam a mesma região de pumas são mais propensos a serem infectados com T. gondii. E é por isso que o parasita age aumentando em até 46 vezes a propensão dos lobos de se tornarem líderes de matilhas (o que significa maior exposição aos riscos).

O estudo, publicado na revista Communications Biology, aponta que os animais infectados ainda têm 11 vezes mais probabilidade de se dispersar de sua matilha para um novo território. Os machos infectados ainda têm uma probabilidade de 50% de deixar sua matilha dentro de seis meses, em comparação com um período mais típico de 21 meses para os não infectados.

Da mesma forma, as fêmeas infectadas têm 25% de chance de deixar sua matilha dentro de 30 meses, em comparação com 48 meses para aquelas que não foram infectadas. Todas estas mudanças têm como objetivo aumentar os riscos e garantir que o ciclo do parasito continue.