Em março de 2024, os veículos com câmbio automático representavam 40,4% do mercado automotivo brasileiro, enquanto os carros com transmissões continuamente variáveis (CVT) chegavam a 24,4%. Os carros automatizados eram apenas 1,69% do mercado. 

A tendência é que a preferência pelos modelos automáticos continue a crescer nos próximos anos, com as montadoras produzindo cada vez menos modelos com câmbio manual. Por esse motivo, sempre é bom saber mais sobre o funcionamento do câmbio automático e como usá-lo da melhor forma.

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Nem sempre o proprietário lê o manual de seu veículo, ainda assim, se ler, vai encontrar algumas recomendações não conhecidas por quem está acostumado com o carro manual. A seguir, confira 5 segredos não tão secretos, mas que muitos não seguem.

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5 segredos que não te contam sobre o câmbio automático:

Câmbio automático
Imagem: OH studio image gallery/Shutterstock

1- Conheça seu câmbio

Em primeiro lugar, saiba qual seu tipo de câmbio para se entender com ele. A diferença entre um câmbio automático e um câmbio automatizado está na estrutura do sistema de transmissão, o que faz com que as engrenagens e outras peças funcionem de forma diferente em cada tipo. 

Um câmbio automatizado tem um sistema de embreagem, mas não tem o pedal de embreagem, e as marchas não mudam sozinhas. As trocas de marcha são parecidas com as de um carro manual, e o tempo entre as marchas pode fazer com que o carro rode para trás, especialmente em arrancadas em aclive. Nesse caso, o condutor tem de usar o freio em conjunto, como ocorre com um carro manual. 

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Um câmbio automático não tem sistema de embreagem, mas as marchas mudam sozinhas. As trocas de marcha são mediadas por conversores de torque, e existem engrenagens planetárias que são combinadas por meio de dispositivos hidráulicos. Com um câmbio automático, não é necessário usar o freio para dar partida em uma subida.

Dito isso, é importante saber que o próprio manual diz que, ao contrário dos câmbios automáticos, é extremamente prejudicial para os câmbios automatizados que você pare o carro no semáforo e mantenha o câmbio no “D” (Drive). O correto é colocar no “N” (Neutro) exatamente pela diferença de atuação de embreagem. Na verdade, o câmbio automatizado funciona como um câmbio convencional que tem uma espécie de robô que troca marcha e aperta a embreagem para você. 

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Já o câmbio automático deve ficar na posição “D” (Drive) quando o carro está parado em em sinal de trânsito ou num congestionamento, porque se ficar em “N” (Neutro) o carro pode andar, o que aumenta o consumo de combustível e o desgaste do conversor de torque e de outros componentes do câmbio. 

Os câmbios automáticos operam de maneira mais sofisticada em comparação com as caixas manuais convencionais. O câmbio automático convencional utiliza um sistema de engrenagens planetárias, onde uma única peça trabalha em conjunto com um conversor de torque. Esse conversor é responsável por acoplar o motor à caixa de transmissão, desempenhando um papel semelhante ao da embreagem nos câmbios manuais.

Nos câmbios automatizados, um sistema eletrônico aciona a embreagem e, após analisar a velocidade e a rotação do veículo, realiza as trocas automáticas com a ajuda de sensores hidráulicos. É como se um robô estivesse fazendo as trocas de marcha para você. Por outro lado, o câmbio CVT (transmissão continuamente variável) utiliza uma estrutura de correia e polia, semelhante ao sistema de uma motocicleta sem marchas. O CVT não possui seleção de velocidades fixas e, devido a essa característica, oferece respostas mais rápidas em comparação com outros sistemas.

Já o câmbio de dupla embreagem, diferente do automático tradicional, possui dois discos de embreagem. Um disco maior aciona as marchas pares e a marcha à ré, enquanto o outro disco menor é responsável pelas marchas ímpares. Com esse arranjo, enquanto uma marcha está engatada, a próxima já está pronta para entrar em ação, garantindo trocas mais rápidas em comparação com o câmbio automático convencional.

2- Estacione corretamente

Para estacionar corretamente um carro com câmbio automático, siga os seguintes passos:

  • Pé no freio: Antes de qualquer manobra, pressione o pedal do freio para evitar que o veículo se movimente. 
  • Mude para a posição “N” (Neutro): deslize a alavanca do câmbio para a posição “N”, isso desacopla o motor da transmissão e permite que o carro fique livre para ser movido manualmente.
  • Acione o freio de estacionamento: puxe o freio de estacionamento (também conhecido como freio de mão) para garantir que o carro permaneça imóvel.
  • Tire o pé do freio: com o freio de estacionamento ativado, você pode soltar o pedal do freio.
  • Mude para a posição “P” (Parking): por fim, coloque a alavanca do câmbio na posição “P” e desligue o motor.

Seguindo esses passos, quem mantém o carro parado é o freio de mão. A posição “P” é uma trava de segurança do veículo que não é projetada para manter o veículo parado, e o uso incorreto causa dificuldades ou trancos ao mudar a alavanca.

3- A polêmica troca de óleo da caixa de câmbio

Comparação entre óleo de câmbio automático novo (à esquerda) e o usado
Imagem: Reprodução/YouTube

Quem tem ou já teve um carro com câmbio automático, provavelmente já ouviu dizer que não é preciso trocar o óleo do câmbio. Sim, antigamente acreditava-se na duração ‘vitalícia’. Mas é claro que como qualquer engrenagem, existe um desgaste e, portanto, isso é um mito.

Mesmo assim, devemos esclarecer que nem todas as caixas de transmissão funcionam da mesma maneira, assim como o tempo para fazer o procedimento muda de um modelo para o outro. A maioria das montadoras especifica os prazos e o tipo de óleo recomendados para o carro em questão. O problema é que, em geral, esse tempo gira entre 60 mil e 100 mil km rodados.

Ocorre que um carro que roda na Europa, por exemplo, com clima mais frio, é diferente de outro que roda aqui no Brasil. Os próprios consumidores e proprietários atestam a diferença na prática. Devido ao nosso clima tropical, é recomendado seguir a faixa de troca entre 35 mil e 50 mil quilômetros rodados. Algumas montadoras, como a Honda, têm adotado a recomendação de trocas parciais a cada 40 mil quilômetros.

Essa sugestão é enfatizada para uma melhor relação de custo-benefício. Em relação à troca total ou parcial, é uma decisão individual e de acordo com o uso do veículo e o grau de cuidado do proprietário. O mesmo vale para a troca de filtros. O grau de impurezas e contaminação desse material pode interferir na decisão de troca. O processo manual deixa impurezas, o que pode entupir o sistema, danificar alguma solenoide ou até obstruir alguma canaleta do sistema, por onde passa o fluido. Isso PODE acontecer, não e uma regra.

A troca feita manualmente só é possível parcialmente. O processo de troca de óleo do câmbio restringe-se apenas ao que está no reservatório, ou seja, não é possível retirar o óleo que está dentro do sistema.

Com maquinário especializado, pode-se realizar 100% do processo. Isso porque o óleo fica preso no conversor de torque, dentro do motor. Só com a utilização da máquina é possível pressurizar 100% deste óleo.

4- Não mexa na alavanca com o carro em movimento

Não é recomendado mudar para a marcha à ré (R) com o carro automático em movimento. Aqui estão as razões:

Danos à transmissão: mudar para a marcha à ré enquanto o veículo está em movimento pode causar danos à transmissão. A transmissão automática não foi projetada para engatar a ré enquanto o carro está se movendo para a frente. Isso pode sobrecarregar os componentes internos e levar a problemas mecânicos.

Quanto à segurança, mudar para a ré em movimento pode ser perigoso. O carro pode se descontrolar, especialmente se você estiver em alta velocidade. Além disso, outros motoristas podem não esperar que você esteja indo para trás e podem não reagir apropriadamente.

Novamente, pare. Se você precisar fazer uma manobra de ré, primeiro pare completamente o veículo. Em seguida, aplique o freio de estacionamento e, somente depois disso, coloque o câmbio na posição “R”.

Em resumo, sempre pare completamente o carro antes de mudar para a ré. Isso garantirá a segurança do veículo e prolongará a vida útil da transmissão automática. 

5- Nem pensar em pegar no “tranco”

Se você apostou que tentar fazer um carro automático pegar no tranco é uma péssima ideia, você está absolutamente correto! Tentar essa ação não é recomendado. Entenda os motivos:

Danos à transmissão: o processo de pegar no tranco envolve empurrar ou rebocar o carro para fazê-lo pegar. No entanto, com um carro automático, isso pode causar danos à transmissão. A transmissão automática não foi projetada para ser engatada dessa forma, e forçá-la a funcionar enquanto está sendo rebocada pode sobrecarregar os componentes internos.

Sistema hidráulico e eletrônico: os carros automáticos dependem de sistemas hidráulicos e eletrônicos complexos para funcionar corretamente. Tentar pegar no tranco pode afetar negativamente esses sistemas, resultando em problemas de transmissão.

Segurança: além dos danos potenciais ao veículo, tentar pegar no tranco com um carro automático pode ser perigoso. O veículo pode se mover de maneira imprevisível, causando riscos para você e outros motoristas na estrada.

Portanto, se o seu carro automático não está funcionando, é melhor chamar um guincho ou um profissional para avaliar e resolver o problema. Evite tentar pegar no tranco para preservar a integridade do seu veículo.