O câncer de pulmão é um dos mais letais no mundo inteiro. Um ensaio de um novo medicamento queria não apenas diminuir o número de mortes, mas também frear a progressão da doença nos pacientes. O segredo foi um único comprimido capaz de reduzir a progressão e evitar óbitos em 60% dos casos após cinco anos.

Medicamento é inibidor de proteína presente em tumores

  • O medicamento usado se baseou na proteína linfoma anaplásico quinase (ALK), que ajuda a controlar o crescimento regular. O gene gerador desta proteína pode ser reorganizado por alguns tipos de câncer para propiciar seu desenvolvimento;
  • O câncer de pulmão se divide em categorias segundo a origem do problema nas células (há diferenciação, por exemplo, entre fumantes de fumo, tabaco e não fumantes);
  • Uma das categorias, o câncer de pulmão de células não pequenas (ou células grandes) é responsável por cerca de 80% das ocorrências em pessoas com história leve de tabagismo ou não fumantes. Dentre esses casos, cerca de 5% tem tumores positivos para ALK;
  • Aí que entra o medicamento: o lorlatinibe é um inibidor de ALK que pode ser usado para frear a progressão da doença e, consequentemente, evitar mortes.

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Ilustração digital de visão raio-x numa pessoa com câncer no pulmão com destaque no órgão e no tumor
Câncer de pulmão é um dos mais letais do mundo e medicamento pode ajudar na sobrevida saudável (Imagem: Observatório de Oncologia)

Ensaio conseguiu frear progressão do câncer de pulmão

O ensaio foi liderado pelo Peter MacCallum Cancer Center em Melbourne (Austrália) e avaliou o uso do medicamento na doença a longo prazo.

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296 pacientes com câncer de pulmão ALK positivo avançado e não tratado anteriormente participaram. Eles foram divididos aleatoriamente em dois grupos, um deles recebendo o lorlatinibe em forma de comprimido, uma vez ao dia, e outro recebendo o crizotibine, inibidor ALK menos potente, em forma de comprimido, duas vezes ao dia.

O objetivo principal era dar sobrevida sem progressão da doença. Os objetivos secundários incluíam sobrevida global e avaliar se o câncer chegou ao cérebro.

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Depois de cinco anos de tratamento, 60% dos pacientes que receberam o lorlatinibe ainda estavam vivos e sem sinais de progressão da doença. Em comparação, o mesmo resultado no grupo que recebeu o outro medicamento foi de apenas 8%.

A redução do primeiro grupo para o risco de progressão e morte foi de 81% e de 94% para risco do câncer alcançar o cérebro.

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Medicamento registrou maior sobrevida de câncer de pulmão até agora (Imagem: create jobs 51/Shutterstock)

Medicamento pode mudar tratamento do câncer de pulmão

Segundo o líder do estudo, o professor Ben Solomon, em entrevista ao The Guardian, os resultados mostram como o medicamento pode ajudar não só os pacientes a viverem mais tempo, mas a sustentar a sobrevida sem progressão e seus benefícios por cinco anos.

Segundo o New Atlas, as descobertas são os dados mais longos de sobrevida já relatados para câncer de pulmão até agora.

Os resultados foram apresentados em reunião científica anual organizada pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, na sigla em inglês) de 2024 e publicados no Journal of Clinical Oncology.