Desde setembro de 2023, a Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem da Flórida (FWC), nos EUA, enfrenta um mistério aquático. Peixes-serra (Pristis pectinata), no arquipélago Florida Keys, têm assumido comportamentos estranhos, como girar descontroladamente. O que também tem causado preocupações é a morte massiva desses animais. Até maio de 2024, o grupo documentou 50 óbitos. 

Em março, a FWC lançou uma operação de emergência inédita. Os esforços incluíram testes de 250 produtos químicos na água e análises detalhadas de tecidos de peixes através de necropsias. 

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Grupo de especialistas analisando um peixe-serra morto no arquipélago Florida Keys, nos EUA. Crédito: Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem da Flórida (FWC)

Mesmo com toda essa dedicação, o enigma persiste. Os resultados dos testes mostraram que todos os produtos químicos na água estavam ausentes ou em níveis insignificantes, bem abaixo de qualquer limite biológico preocupante. As necropsias não revelaram sinais de patógenos transmissíveis ou infecções bacterianas. Além disso, a FWC descartou fatores como níveis de oxigênio dissolvido, salinidade, pH ou temperatura da água como possíveis causas.

Inicialmente, uma das suspeitas mais fortes da comissão era a maré vermelha tóxica, uma proliferação de algas nocivas que produzem toxinas capazes de causar problemas neurológicos em peixes e outros animais. No entanto, os testes realizados sugerem que a maré vermelha não é a responsável. 

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Grupo de especialistas analisando um peixe-serra morto no arquipélago Florida Keys, nos EUA. Crédito: Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem da Flórida (FWC)

Apesar disso, outras espécies de algas nocivas e suas toxinas associadas foram encontradas em amostras de água, sedimentos marinhos e tecidos de peixes. A FWC considera essa uma pista importante, mas diz que “mais trabalho é necessário para determinar se essa é a causa do comportamento incomum”.

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Peixes-serra estão em risco de extinção

Os cientistas ainda aguardam os resultados dos testes para metais pesados na água e nas amostras de sangue e tecidos dos peixes-serra. A situação é complicada pelo fato de que o peixe-serra-dente-pequeno é uma das cinco espécies de peixe-serra, todas criticamente ameaçadas de extinção

Com seu focinho longo e achatado forrado de dentes afiados, o peixe-serra parece uma mistura de tubarão com motosserra. Esse focinho peculiar não é só para exibição – ele ajuda os peixes-serra a caçar, permitindo-lhes cavar em fundos marinhos e emitir um campo elétrico para detectar presas. Pertencentes à subclasse Elasmobranchii, junto com tubarões, raias e patins, os peixes-serra são fascinantes e essenciais para a biodiversidade marinha.

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A situação crítica dessa espécie de peixe nas Florida Keys destaca a importância de resolver esse mistério, não só para proteger esses animais em risco de extinção, mas também para manter o equilíbrio delicado do ecossistema marinho.