Conforme noticiado pelo Olhar Digital, o Sol está atingindo o pico de atividade no ciclo atual, conhecido como máximo solar. Na Terra, temos observado os efeitos, como apagões de rádio e auroras deslumbrantes em latitudes incomuns. 

A mancha que causou esses distúrbios se moveu para o outro lado do Sol e, logo depois, produziu a explosão solar mais intensa em talvez duas décadas, com seus impactos sendo registrados em todo o Sistema Solar.

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As manchas nesta cena foram causadas por partículas carregadas de uma tempestade solar atingindo uma câmera a bordo do rover Curiosity, da NASA, que usa suas câmeras de navegação para tentar capturar imagens de redemoinhos de poeira e rajadas de vento, como a vista aqui. Crédito: NASA/JPL-Caltech

A Agência Espacial Europeia (ESA) monitorou a poderosa explosão e o fluxo subsequente de partículas usando espaçonaves que orbitam de Mercúrio a Marte. “A razão pela qual a explosão da classe X do outro lado do Sol é tão interessante é porque está associada a partículas que atingiram a BepiColombo e a Mars Express”, explicou Miho Janvier, físico solar e espacial da ESA, em um comunicado.

Maior explosão solar desde 2005 e suas consequências

Em 20 de maio, a sonda Solar Orbiter, da ESA, detectou que a mancha solar AR3664 liberou uma explosão solar classificada como X12, a mais forte desde 7 de setembro de 2005.

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Essa explosão emitiu raios gama e raios-X que viajaram até Marte em poucos minutos, seguidos por uma ejeção de massa coronal (CME), ou jato de plasma, enviando partículas carregadas após o evento luminoso.

Visão da sonda MAVEN entre 14 e 20 de maio de 2024. Quanto mais roxo, mais partículas interagiram com a atmosfera marciana. Crédito: NASA/Universidade do Colorado/LASP

Três missões da NASA sentiram os efeitos dessa explosão. A espaçonave Mars Odyssey perdeu sua câmera estelar por cerca de uma hora devido à inundação de partículas solares de alta energia. 

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No solo marciano, o rover Curiosity também foi impactado pelo fluxo de partículas, medindo uma dose de radiação de 8.100 micrograys com seu Detector de Avaliação de Radiação (RAD), equivalente a 30 radiografias de tórax. Embora não seja letal, essa quantidade é preocupante para futuros astronautas no espaço profundo durante o máximo solar.

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Sonda MAVEN teve visão privilegiada

A missão MAVEN (acrônimo em inglês para algo como “Atmosfera e Evolução Volátil de Marte”), da NASA, tirou o maior proveito do evento, estudando as auroras marcianas. Sem um campo magnético para desviar as partículas em direção aos polos, as auroras em Marte são causadas por partículas que atingem diretamente a atmosfera. 

Durante o evento, a sonda MAVEN registrou Marte iluminado como uma árvore de Natal. “Este foi o maior evento de partículas energéticas solares que MAVEN já observou”, afirmou Christina Lee, líder de clima espacial da missão, do Laboratório de Ciências Espaciais da Universidade da Califórnia, em Berkeley. “Temos visto várias ondas de partículas atingindo Marte nas últimas semanas”.

A empolgante experiência da NASA em Marte é apenas o começo. A ESA confirmou ao site IFLScience que em breve divulgará observações detalhadas do mesmo evento de várias missões espaciais – algo, de fato, emocionante: uma única explosão solar e suas ejeções de massa coronal sendo estudadas a partir de diferentes pontos do Sistema Solar.

As implicações dessas observações são vastas. Elas ajudam a entender melhor como o Sol afeta os diferentes corpos celestes e a planejar futuras missões espaciais, considerando os riscos associados às explosões solares. Com essa informação, cientistas podem desenvolver melhores métodos de proteção para equipamentos e astronautas, garantindo a segurança das futuras explorações espaciais durante períodos de alta atividade solar.