O japonês Akihiko Kondo, de 41 anos, enfrenta uma perda incomum. Após completar cinco anos de casamento com um holograma da cantora Hatsune Miku, o relacionamento chegou ao fim. O motivo? O equipamento que possibilitava a interação com a esposa digital foi desativado pela empresa Gatebox, deixando Kondo “viúvo”.

Como era a relação com a esposa?

  • A cantora digital Hatsune Miku foi criada em 2007 pela empresa Crypton Future Media.
  • Kondo, funcionário público e morador de Tóquio, diz que se apaixonou por Miku assim que a viu cantando num programa de televisão japonês.
  • “Ficava de manhã até a noite vendo vídeos da Miku”, disse à BBC.
  • Um espécia de cerimônia de união foi realizada em 2018. Para melhorar a interação com os convidados, foi criada uma versão “real” do holograma.

O relacionamento acontecia por interação com um avatar virtual da cantora projetado em 3D usando comandos de voz, como mostra a imagem abaixo:

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Equipamento que possibilitava a interação com a esposa digital foi desativado. Imagem: Reprodução/Redes Sociais

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Akihiko se considera “fictossexual”. Em resumo, o termo descreve alguém que sente atração por personagens fictícios. O homem conta que sofreu julgamentos por conta do relacionamento incomum. “Quando conheci Hatsune Miku, pedi uma licença, porque era alvo de chacota no trabalho”, lembrou Kondo. “Minha mãe não aprovava, e minha irmã e meu cunhado também não concordavam com a minha escolha. Eles não vieram ao casamento”.

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No lugar da noiva, uma versão “real” do holograma foi criada para “interagir” com os convidados durante a cerimônia de casamento. Imagem: Reprodução/Redes sociais

Mesmo com o holograma desativado, Akihiko disse à AFP que “pensa nela todos os dias” e lamenta a solidão. Em outra reportagem da BBC, o japonês revelou sentir atração por mulheres virtuais desde a infância e que nunca teve outro relacionamento.

“Quando me libertei desta mentalidade tradicional, fui capaz de me liberar para encontrar o que realmente amo”, disse. “Sempre fui rejeitado e isso me fez descartar a possibilidade de estar com alguém”, acrescentou.

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Em 2023, Akihiko criou uma entidade chamada ‘Associação dos Fictossexuais’ para reunir indivíduos que mantêm relacionamentos similares e combater o preconceito.

Caso não é tão incomum assim

Se apaixonar por alguém não humano não é tão raro, especialmente no Japão. Um estudo de 2017 realizado pela Associação Japonesa de Educação Sexual avaliou o comportamento de jovens (homens e mulheres entre 16 e 29 anos) e concluiu que mais de 10% tinham se apaixonado por personagens de anime ou jogos. As maiores taxas estavam entre as mulheres universitárias: 17%.