Existe uma ideia fascinante que se baseia no uso de um planeta para construir um “enxame” especial ao redor de uma estrela para captar energia dela. No caso do nosso Sistema Solar, teríamos como protagonistas nisso Mercúrio sendo “desmontado” para que o material dele vire algo como um “escudo” no Sol.

Claro, tudo tem um ar de tecnologia extremamente avançada, domínio espacial que (com os pés no chão) pode levar séculos para a humanidade alcançar. E isso se nós ainda estivermos por aqui, sem termos nos “exterminado” antes.

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Esfera de Dyson e a vida alienígena

Vamos a algo importante: essa ideia tem como inspiração uma proposta feita pelo físico e matemático Freeman Dyson em 1960. Conhecida como “Esfera de Dyson”, resumidamente, temos algo como uma concha composta por espelhos ou painéis solares envolvendo completamente uma estrela para aproveitar toda a energia que ela produz.

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Nesse sentido, tal ideia tem sido levada muito a sério pelos cientistas (vejam só) na busca por vida alienígena. Em maio, por exemplo, duas pesquisas revelaram que estrelas da nossa galáxia tiveram misteriosos picos de calor infravermelho, dando lugar à hipótese de que esferas de Dyson estariam sendo usadas por civilizações avançadas para captação de energia.

E onde Mercúrio entra nessa?

Trazendo mais para perto da nossa região cósmica, como seria um empreendimento assim? Bom, de acordo com uma proposta feita pelo bioeticista e futurista canadense George Dvorsky, Mercúrio é o candidato ideal para fornecer os materiais necessários para esse projeto de “escudo” ao redor do Sol, justamente devido à sua proximidade com nossa estrela.

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Em 2012, no artigo intitulado “Como construir uma esfera de Dyson em cinco etapas (relativamente) fáceis” (na tradução direta), ele indicava essa possibilidade iniciando em cerca de 25 a 50 anos – com a conclusão da primeira fase exigindo apenas algumas décadas. Essa proposta ganhou alguns adeptos que a deixaram ainda mais “realista” (dentro do cenário hipotético).

Por exemplo, em vez de uma esfera robusta ao redor do Sol, surgiu um design de “enxame de Dyson”. Em linha com espelhos leves muito grandes concentrando a radiação solar em pontos focais, onde ela seria transformada em trabalho útil (e possivelmente irradiada pelo espaço para uso em outro lugar).

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Grandes desafios para construir o escudo

Além da proximidade com o Sol, Mercúrio se destaca na ideia de fonte de materiais para o escudo graças à rica composição de metal que possui. Ainda assim, levar tanta tecnologia para o planeta seria realmente um trabalho hercúleo.

Há ainda outros desafios já em fases avançadas do projeto, que incluem coordenar as órbitas dessas estruturas (espelhos, painéis, satélites e etc.) para que elas não colidam ou eclipsem umas às outras. E, claro, o que não faltam são mais e mais detalhes de grande complexidade política, tecnológica, ética (e por aí vai) para o que seria, no mínimo, o maior projeto de construção já realizado pela humanidade.

Em um cálculo feito em 2012, publicado na revista Forbes, na melhor expectativa, o desmantelamento de Mercúrio levaria 174 anos. Ou seja, com tudo feito a partir de economia total, uso inédito e sem desperdícios de energia da Terra nos desenvolvimentos do espaço, coleta e transmissão sem precedentes, comunicação espacial avançada e afins (incluindo até sondas auto-replicantes no projeto).