As relações entre Estados Unidos e Rússia estão cada vez piores. Em meio à guerra na Ucrânia, o governo Joe Biden estuda novas sanções contra Moscou. E uma das possibilidades é proibir as vendas de produtos da Kaspersky, empresa russa especializada na produção de softwares de segurança cibernética.

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Proibição faz parte das sanções impostas pelos EUA à Rússia (Imagem: icedmocha/Shutterstock)

EUA temem riscos à segurança nacional

  • De acordo com reportagem exclusiva da Reuters, o anúncio da proibição deve ser feito pela Casa Branca nos próximos dias.
  • A justificativa para a adoção da medida são os laços entre a empresa e o governo russo.
  • Os EUA temem que o regime de Vladimir Putin tenha acesso privilegiado ao software e aos sistemas da Kaspersky, o que poderia permitir o roubo de informações confidenciais de computadores norte-americanos.
  • Com a decisão, qualquer empresa ou cidadão dos Estados Unidos não poderá mais fazer negócios com a companhia russa.
EUA acreditam que a Rússia pode usar dados da Kaspersky para espionar o país (Imagem: trambler58/Shutterstock)

Kaspersky está na mira da Casa Branca há anos

Além das restrições às novas vendas da Kaspersky nos EUA, não será mais possível atualizar os softwares e licenças de produtos já adquiridos anteriormente. Os produtos de marcas que integram a rede companhia russa também serão afetados. Segundo a Reuters, as normas devem entrar em vigor no final de setembro.

A Kaspersky está na mira da Casa Branca desde 2017. Na época, o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos baniu a utilização do principal antivírus da empresa russa nas redes federais, alegando a existência de uma relação entre a companhia e a inteligência de Moscou.

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A pressão sobre a empresa especializada na produção de softwares de segurança cibernética aumentou após o início da guerra na Ucrânia, no início de 2022.

Neste período, a Kaspersky teria proposto algumas medidas para impedir uma possível proibição. No entanto, as autoridades norte-americanas concluíram que as ameaças à segurança interna do país era real.

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A companhia russa conta com uma holding no Reino Unido e operações em Massachusetts. Ela tem mais de 220 mil clientes corporativos em cerca de 200 países, entre eles a Volkswagen.

Procurado pela Reuters, o Departamento de Comércio dos EUA se recusou a comentar o assunto. A Rússia, por sua vez, ainda não se manifestou.

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Resposta da Kaspersky

Em nota enviada ao Olhar Digital, a empresa afirma o seguinte:

A Kaspersky está ciente da decisão do Departamento de Comércio dos Estados Unidos de proibir o uso do software Kaspersky no país. A decisão não afeta a capacidade da empresa de vender e promover produtos de inteligência contra ciberameaças e/ou treinamentos nos EUA.

Apesar de propor um sistema no qual a segurança dos produtos da empresa pode ser verificada de forma independente por empresas terceiras de confiança, a Kaspersky acredita que o Departamento de Comércio tomou sua decisão com base no atual cenário geopolítico e preocupações teóricas, em vez de uma avaliação técnica sobre a integridade dos produtos e serviços da Kaspersky. A Kaspersky não se envolve em atividades que ameacem a segurança nacional dos Estados Unidos e, na verdade, fez contribuições significativas com relatórios e proteção contra uma variedade de ameaças que visavam os interesses dos EUA e seus aliados. A empresa pretende buscar todas as opções legais disponíveis para preservar suas operações e relações atuais.

Por mais de 26 anos, a Kaspersky tem cumprido sua missão de construir um futuro mais seguro, protegendo mais de um bilhão de dispositivos. A Kaspersky fornece produtos e serviços líderes de mercado para clientes ao redor do mundo para protegê-los de todos os tipos de ciberameaças, demonstrando repetidamente sua independência frente a qualquer governo. Além disso, a Kaspersky implementou medidas de transparência inéditas entre seus pares da indústria de cibersegurança, com o objetivo de demonstrar seu forte comprometimento com a integridade e confiabilidade. A decisão do Departamento de Comércio ignora injustamente as evidências.

O principal impacto dessa medida é uma vantagem para o cibercrime. A cooperação internacional entre especialistas de cibersegurança é crucial na luta contra o malware e a decisão restringirá esses esforços. Além disso, tira a liberdade que, consumidores e organizações, grandes e pequenas, deveriam ter de usar a proteção que desejam. Neste caso, forçando-os a se afastar da melhor tecnologia antimalware do setor, de acordo com testes independentes. Isso causará uma interrupção dramática para os clientes da empresa, que serão forçados a substituir urgentemente a tecnologia que preferem e na qual confiaram para sua proteção por anos.

A Kaspersky continua comprometida em proteger o mundo das ciberameaças. O negócio da empresa permanece resiliente e forte, marcado por um crescimento de 11% nas vendas em 2023. Estamos ansiosos pelo que o futuro reserva e continuaremos a nos defender contra ações que buscam prejudicar injustamente nossa reputação e interesses comerciais.