Vitória contra mudanças climáticas: gases estufa estão diminuindo mais rápido do que esperado

Apesar da proibição de algumas substâncias, expectativa era que gases continuassem na atmosfera por décadas
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Rodrigo Mozelli 21/06/2024 06h10
Área do buraco da camada de ozônio
Buraco na camada de ozônio causado pelos gases de efeito estufa (Imagem: NASA)
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Um estudo publicado neste mês revelou vitória global contra as mudanças climáticas: os esforços para proteger a camada de ozônio deram certo e os gases causadores do efeito estufa estão diminuindo mais rápido do que esperado.

Imagina-se uma eliminação total do uso de algumas das substâncias já nas próximas décadas, mas o desaparecimento pode levar centenas de anos.

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Luta contra os gases estufa começou na década de 1980

Os esforços internacionais contra os gases estufa começaram em 1987, quando o Protocolo de Montreal foi assinado. A medida previa a eliminação gradual de substâncias que degradam a camada de ozônio.

Os principais são os hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) e os clorofluorocarboneto (CFCs), presentes em ares-condicionados, aerossóis e sistemas de refrigeração. Enquanto os CFCs foram eliminados em 2010, os HCFCs não, atingindo pico de concentração em 2021. A expectativa é que eles sejam completamente eliminados até 2040.

Expectativa era que gases estufa demorassem até centenas de anos para desaparecer (Imagem: DesignRage/Shutterstock)

Diminuição dos gases é sucesso na luta contra mudanças climáticas

O estudo, publicado na Nature Climate Change, examinou os níveis dos gases estufa na atmosfera a partir de dados do Advanced Global Atmospheric Gases Experiment e da Administração Nacional Atmosférica e Oceânica dos Estados Unidos.

A observação revelou que os gases nocivos estão diminuindo mais rapidamente do que esperado. À Agence France-Presse (AFP), o autor principal, Luke Western, da Universidade de Briston (Reino Unido), descreveu o feito como “enorme sucesso global” e indica que as ações estão “indo na direção certa”.

O pesquisador atribuiu o sucesso ao Protocolo de Montreal e às regulações rigorosas sobre o uso dos gases estufa, incluindo proibições.

O declínio de ambos os gases não só protege a camada de ozônio, mas diminui, consequentemente, o aquecimento global e o efeito das mudanças climáticas.

Ilustração do buraco na camada de ozônio sobre a Antártica; primeiros registros dele são da década de 1980 (Imagem: Reprodução/ESA)

Expectativa era que gases estufa demorassem mais para se decompor

  • Western ainda explicou que a expectativa é que os gases estufa demorassem mais para desaparecer;
  • A previsão era que os CFCs, eliminados há mais de uma década, ficassem anos na atmosfera, enquanto os HCFCs têm vida útil de duas décadas;
  • Ou seja, mesmo depois de eliminados, os gases ainda estarão na atmosfera prejudicando a camada de ozônio;
  • Como lembrou o ScienceAlert, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente estimou, no ano passado, que poderia levar até quatro décadas para que a camada de ozônio se recuperasse a níveis anteriores ao buraco detectado na década de 1980.

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.