Minicasa suspensa é aposta contra enchentes em Bangladesh

Casas suspensas de baixo custo foram criadas por uma importante arquiteta do país; modelo tem estruturas leves e fáceis de montar
Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi 26/06/2024 03h00
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Imagem: Reprodução/marinatabassumarchitects.com
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Eventos climáticos extremos devem ficar cada vez mais comuns, segundo os especialistas. Essa notícia é ainda mais impactante para moradores de regiões que já sofriam com fenômenos naturais adversos. A tendência é que a situação piore nos próximos anos.

Em Bangladesh, por exemplo, 80% do país é classificado como planície de inundação. Ou seja, quase todo o território nacional é suscetível às enchentes.

O mais grave disso tudo é que estamos falando de uma nação asiática pobre de 170 milhões de pessoas – e a maioria delas vive em áreas rurais. Ou seja, não tem dinheiro para grandes obras de prevenção nem contenção de danos.

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Pensando nisso, uma arquiteta local desenvolveu, durante a pandemia, uma pequena casa elevada de baixo custo, cuja função é oferecer moradia aos mais necessitados, ao mesmo tempo em que dá certa proteção às mudanças climáticas.

A criação foi batizada de Khudi Bari, que significa pequena casa em bengali. Além da arquiteta Marina Tabassum, o projeto conta com a colaboração dos engenheiros do AKT II e da organização de ajuda humanitária FACE (Foundation for Architecture and Community Equity).

Acima do chão

A ideia é que a estrutura resista às inundações frequentes do país – Montagem: Reprodução/marinatabassumarchitects.com
  • A casa é muito simples, mas segura, segundo os criadores.
  • A estrutura é elevada acima do solo e acessada por uma escada.
  • Embora não seja sobre rodas, foi criada para ser muito fácil de montar, desmontar e transportar para um novo local sem quaisquer ferramentas especializadas, ajudando os residentes do Bangladesh a escapar das inundações.
  • A habitação é feita principalmente de bambu.
  • Toda essa madeira leve é conectada por nós pré-fabricados de alumínio reciclado.
  • As paredes e o telhado podem ser adquiridos localmente e feitos de materiais como policarbonato e metal.
  • O interior dela mede de 5,95 m² até 13,4 m², e consiste em um quarto simples, porém também há espaço embaixo para expandir a área de estar.
  • Mais de 100 unidades já foram implantadas em toda Bangladesh.

É um projeto viável para outros lugares?

Financeiramente sim. Estimativas apontam que o custo total de uma mini casa dessas é de apenas US$ 380, algo em torno de R$ 2.050.

Geograficamente, porém, o buraco é mais embaixo. Falando em Brasil, por exemplo, muitas das áreas afetadas por enxurradas não são planas. A região serrana do Rio de Janeiro, por exemplo. Instalar uma casa suspensa dessas é inviável.

Fotografia geográfica de Bangladesh é muito parecida com esse cenário – Imagem: Reprodução/marinatabassumarchitects.com

Para Bangladesh tem dado certo. Tanto que o projeto vem crescendo mês a mês, com a doação de novas residências para as pessoas mais humildes.

A solução para o Brasil deve ser outra. Até porque temos mais dinheiro do que o pequeno país asiático. Alguns especialistas falam no conceito de cidade-esponja. Para saber mais sobre ele, você pode ler esse ou esse outro texto do Olhar Digital.

As informações são do New Atlas.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.