O assunto já esteve nos trend topics dos buscadores e redes sociais. 

Enquanto para alguns(as) a temática não passa de um absurdo distante e inimaginável, para outros se desnudava uma realidade bem próxima, gigante e assustadora. No entanto, enquanto muitos de nós ficamos incrédulos, alguns homens enxergam esse agrupamento como algo normal, necessário e estimulado. 

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Estamos falando aqui dos red pills. 

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Autodenominados ‘masculinistas’, os red pills atuam em comunidades digitais, como um escusável “clube do bolinha”, sendo formado por homens heterossexuais que questionam a existência da mulher na sociedade contemporânea e as suas liberdades de direito. 

Avessos principalmente às mães solo, também chamadas de “msol”; mulheres acima de 30 anos, as “balzacas”; feministas; e a todas as mulheres envolvidas em qualquer atuação política, os red pills acumulam mais de 4 milhões de seguidores nos canais do YouTube e cerca de 1 bilhão de visualizações. 

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Fato é que uma pesquisa recente (2021 a 2024) encomendada pelo UOL e realizada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e apoio do InternetLab, revelou que o discurso de ódio misógino tem se multiplicado principalmente no Telegram, superando em quatro vezes a soma das manifestações de racismo, xenofobia contra nordestinos, capacitismo e LGBTfobia. 

discurso de ódio
Internet também tem seus malefícios, como facilitar disseminação de discuro de ódio (Imagem: GaudiLab/Shuttestock)

Enquanto a tecnologia diminui distâncias, “democratiza” o acesso às informações – e isso dito com muitas aspas –, reduz barreiras geográficas, possibilita rapidez em diálogos antes dificultosos e permite que participemos de forma mais ativa de importantes movimentos sociais, essa mesma tecnologia também permite que discursos de ódio ganhem adeptos e força em ambientes/grupos digitais, fortalecendo – inclusive – a captação de novos adeptos. 

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Não dá para olhar a tecnologia somente com olhos de benfeitorias, é preciso atenção sobre os reflexos sociais que se expandem nas linhas anônimas da Internet e seus ambientes. (P.S. a web talvez seja o espaço mais autêntico ao pensamento humano e contemporâneo).

Entender a resistência social que existe à diversidade (cor, raça, gênero, orientação sexual, etc.), para além dos círculos sociais e seus ambientes de trabalho, nos mostra que ainda há muito a ser feito, e que não bastará maquiarmos a realidade, a web vai escancarar o tamanho do nosso problema.