Uma grande dúvida de alunos de todas as idades foi respondida com novo estudo: pesquisadores da Universidade de Reading (Inglaterra) testaram se professores conseguiriam identificar provas feitas por inteligência artificial (IA) – mais especificamente com o ChatGPT. O projeto foi realizado justamente para estudar o impacto de ferramentas de IA no ensino.

Para testá-los, os pesquisadores criaram identidades falsas de alunos e responderam prova online usando o GPT-4, modelo de linguagem grande (LLM, na sigla em inglês) avançado que alimenta o ChatGPT. Os professores não receberam a informação de que as respostas foram geradas artificialmente.

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Professores foram enganados pela IA do ChatGPT (Imagem: Martin of Sweden/Shutterstock)

Professores não conseguiram identificar prova respondida pelo ChatGPT

Das 33 respostas da prova, os professores conseguiram identificar que apenas uma foi respondida usando IA. A nota para os alunos falsos ainda foi maior do que a média de alunos reais.

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Em artigo publicado na Plos na semana passada, os pesquisadores destacaram o desempenho do ChatGPT, que conseguiu passar no “Teste de Turing” da prova (passar despercebido pela avaliação de avaliadores experientes).

Os cientistas ainda chamaram atenção para a importância do trabalho em investigar se professores humanos poderiam detectar respostas geradas por IA. O resultado é um alerta: o ChatGPT e outras ferramentas artificiais já têm impacto nos sistemas de ensino e avaliação.

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Segundo eles, isso não significa que o setor de educação vai retornar às provas manuscritas, mas que precisará evoluir diante da IA. A conclusão foi:

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Com base nas tendências atuais, a capacidade da IA ​​de exibir um raciocínio mais abstrato aumentará e sua detectabilidade diminuirá, o que significa que o problema de integridade acadêmica piorará.

Pesquisadores, em artigo publicado na Plos One

OpenAI ChatGPT
Pesquisadores garantiram: eles escreveram o artigo sem usar o ChatGPT (Imagem: Markus Mainka/Shutterstock)

ChatGPT e IA vão mudar sistema de ensino e avaliação

  • De acordo com o The Guardian, outros especialistas que avaliaram o trabalho acreditam que o estudo representa o fim das provas em casa ou não-supervisionadas;
  • No entanto, eles acreditam que a IA precisa ser levada em conta nesse novo sistema;
  • Uma delas, a professora Elizabeth McCrum, pró-reitora de educação de Reading, destacou como as instituições precisarão ensinar o uso da tecnologia de forma crítica e ética, com provas que ensinem a aplicar conhecimentos obtidos por meio dela na vida real;
  • Nem todos concordam. A professora Karen Yeung, pesquisadora de direito, ética e informática na Universidade de Birmingham (Inglaterra), acredita que o ChatGPT e outras IAs podem criar problema de desqualificação dos alunos, que se tornarão dependentes da IA.

Os pesquisadores fizeram uma provocação nesse debate: o artigo referente ao experimento foi escrito por humanos. Mas, se tivesse sido escrito por IA, seria tão indetectável quanto as respostas da prova. Quem saberia que eles estavam mentindo?