A sonda Chang’e-5 fez história ao fazer da China o terceiro país a coletar amostras da Lua. Agora, após quatro anos do retorno do material, um estudo inédito revela que novos indícios de água na forma de sais hidratados foram encontrados.

A pesquisa foi feita pelo Laboratório Nacional de Física da Matéria Condensada de Pequim e publicada na revista Nature Astronomy. De acordo com a publicação, as amostras com os vestígios de água foram coletadas em um local de “de uma latitude muito mais alta” (mais perto dos polos) da Lua.

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Evidências usando as amostras em um estudo de 2022 já sugeriram a presença de água ou gelo de água na superfície da lua, principalmente na forma de grupos hidroxila. Mas a nova pesquisa revela o mineral hidratado com até seis moléculas de água cristalina. Segundo o estudo, as moléculas de água pesam cerca de 41% da massa total.

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A estrutura e composição do mineral se assemelham muito às de um mineral encontrado perto de vulcões da Terra. O estudo confirma que contaminação terrestre ou exaustão de foguete não são a fonte desse hidrato.

Especula-se que a superfície da Lua também contenha água na forma de gelo, no fundo de crateras e vales que não são iluminados pela luz solar. Se confirmado, este seria um recurso valiosíssimo para futuras missões tripuladas, tanto as de curta duração como as que visam estabelecer uma presença humana permanente.

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Apresentação da cápsula Chang’e-5 após reentrada na Terra carregando amostras lunares. Imagem: Shanshan/Shutterstock

A missão Chang’e 5 na Lua

A missão Chang’e 5 teve como objetivo coletar amostras do solo lunar e enviá-las de volta à Terra. Para isso, ela era composta de um módulo orbital (Orbiter), um módulo de pouso (Lander), um módulo de ascensão (Ascender) e uma cápsula de retorno (Returner).

O módulo de pouso chegou à superfície da Lua em 1º de dezembro de 2020. 1,7 Kg de amostras foram coletadas e transferidas para o módulo de ascensão, que decolou em 3 de dezembro. Em 5 de dezembro ele se reencontrou com o módulo orbital, que transferiu as amostras para a cápsula de retorno e iniciou a jornada de volta à Terra. Ao passar por nosso planeta o módulo orbital ejetou a cápsula, que pousou no interior da Mongólia em 16 de dezembro de 2020.