Seria possível existir uma rede elétrica espacial? Essa é a aposta da startup Star Catcher Industries, que se autointitula “pioneira na geração de energia baseada no espaço“.

A ideia da empresa é construir uma infraestrutura proprietária em órbita e em rede para transmitir energia solar para outros satélites que estiverem localizados em qualquer lugar na órbita baixa da Terra (do inglês Low Earth Orbit, ou LEO).

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O objetivo principal dos serviços da empresa é ampliar a capacidade de geração de energia, eliminando restrições energéticas comuns às operações espaciais atuais.

Até 2030, estima-se que a porção da baixa da órbita terrestre (LEO) conseguirá hospedar mais de 50 mil satélites.

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Ilustração da órbita da Terra
Imagem: muratart/shutterstock.com
  • A ideia da Star Catcher é desenvolver a rede de fornecimento de energia para abraçar essa demanda.
  • A empresa estima que serão necessários 840 megawatts anuais em energia para alimentar os sistemas que estarão funcionando na LEO.
  • Na comparação, a Star Catcher afirma que a capacidade de geração de energia orbital atual é de apenas 40 megawatts.

“A infraestrutura energética é o alicerce fundamental da civilização e da indústria. Nosso objetivo é expandir essa base para a LEO e além dela, por meio da nossa rede de energia espacial”, afirmou Andrew Rush, cofundador, presidente e CEO da Star Catcher, por meio de nota oficial.

Como aplicação futura, a Star Catcher prevê o uso de energia para operações espaciais de alto desempenho incluindo “telecomunicações baseadas no espaço, computação em órbita, detecção remota, voos espaciais tripulados e aplicações de segurança nacional”.

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Como funcionará a rede elétrica espacial da Star Catcher

Chamada de Star Catcher Network, a rede elétrica espacial será composta de satélites proprietários que atuarão em conjunto e funcionarão como equipamentos de captação e retransmissão de energia solar.

Segundo a companhia, a Star Catcher Network fornecerá “mais energia e em maior concentração”, o que consequentemente deve aumentar a capacidade e o tempo de atividade de operadores de satélites e espaçonaves, bem como “reduzir os gastos iniciais e o custo de missões como um todo”.

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Quando mencionadas as “altas concentrações”, a empresa especifica que a energia gerada é “de cinco a dez vezes a quantidade de energia que [os equipamentos atuais] conseguiriam gerar de outra maneira, sem retrofit”.

O termo retrofit, vale dizer, é usado para designar uma “recauchutagem” de equipamentos que precisam de atualização de tempos em tempos, em prol de melhorias.

No caso da adesão dos serviços da Star Catcher, esse update de aparelhos não será necessário.

Isso porque satélites atualmente construídos pela indústria podem assumir diferentes funções: satélites meteorológicos, militares, para telecomunicações, e até mesmo estações espaciais.

E, apesar das diversas formas, todos eles possuem algo em comum: a necessidade de energia para funcionar.

Assim, portanto, eles comumente são confeccionados com painéis solares e antenas para transmissão e recepção de dados.

Imagem de um satélite de telecomunicações no espaço, passando pela órbita baixa da Terra
Imagem: NicoElNico/Shutterstock.com

Colocando a Star Catcher Network para funcionar

A Star Catcher irá aproveitar os painéis solares já existentes dos satélites-clientes para transmissão de energia da sua rede de satélites (chamados Power Nodes).

Um único Power Node terá até 150 kW em capacidade de transmissão de energia – energia esta que poderá ser dividida entre diversos satélites-clientes simultaneamente.

Esses Power Nodes são também responsáveis por identificar e rastrear os satélites-clientes para fornecimento de energia, segundo explicação da empresa.

A Star Catcher transmite energia de amplo espectro compatível com células solares de tripla-junção de última geração para painéis solares de satélites-clientes. A energia fora deste espectro não é transmitida, minimizando a carga de calor na espaçonave

Star Catcher

Como modelo de negócio, a startup anunciou um esquema pré-pago por uso (no inglês, Pay-as-you-Go).

Star Catcher já recebeu investimentos

A Star Catcher foi fundada neste ano pelos empresários Andrew Rush e Michael Snyder, ambos já conhecidos no ramo espacial, além do investidor Bryan Lyandvert.

Rush é atualmente membro do Comitê de Tecnologia, Inovação e Engenharia do Conselho Consultivo da NASA e também já atuou como CEO e presidente das empresa Redwire Space, especializada em desenvolver soluções de missão crítica para infraestrutura espacial, e Copernicus Space Corporation, de tecnologia para exploração espacial.

Snyder, por sua vez, exerceu a função de Chief Technology Officer (CTO) da Redwire Space e foi secretário da Comissão Executiva da National Space Society (NSS), uma organização independente e sem fins lucrativos dedicada à criação de uma civilização espacial.

Em julho, eles anunciaram uma rodada de investimento inicial (seed round) no valor de US$12,25 milhões (quase R$ 72 milhões na conversão atual).

O destrino do montante é a construção de um modelo para demonstrar e validar os serviços de transmissão de energia aos clientes.

A previsão é de que as primeiras demonstrações sejam feitas em solo terrestre para que, em seguida, possam ir à órbita no final de 2025.

Andrew Sather, diretor da Initialized Capital, comparou a iniciativa da Star Catcher com a SpaceX, afirmando que a startup “fará pela energia espacial o que a SpaceX fez pelo lançamento de foguetes”.