*Por Luciano Driemeier, gerente global de Novos Negócios Conectados
Quando se pensa em carros conectados, a maioria das pessoas imagina telas multimídias e aplicativos que permitem acesso a informações e comandos remotos. No entanto, uma transformação muito mais profunda está acontecendo nos bastidores dessa tecnologia, redefinindo os padrões da indústria automotiva. A combinação entre conectividade, inteligência artificial (IA) e análise de dados está moldando a mobilidade de maneira sem precedente. 

Veículos conectados, ou seja, aqueles equipados com modem, geram enormes volumes de dados diariamente. Porém, de nada adianta ter acesso a tantas informações, se não soubermos interpretá-las e agir sob os cenários apresentados. Estamos falando de quantidades de dados humanamente impossíveis de serem organizados, filtrados e lidos em uma rápida velocidade e de forma constante. Para isso, usamos a inteligência artificial como aliada.  

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carro conectado
Ter um central de multimídia não é tudo que faz um veículo conectado (Imagem: metamorworks/Shutterstock)

Existe um terceiro, e fundamental pilar, nessa equação: o conhecimento humano especializado, que, a partir das informações já dispostas, consegue traçar estratégias, desenhar soluções e realizar diferentes cruzamentos que a IA ainda não aprendeu que podem estar correlacionados. Com isso, temos um resultado poderoso: ações rápidas e preventivas em benefício do consumidor. 

Um exemplo prático: se antes era necessário que os veículos apresentassem determinada falha para que então pudéssemos investigá-la e tomar uma ação, ou melhor, adotar uma reação, agora podemos agir de forma preventiva, a partir do uso de dados, antes mesmo que aquele problema afete o funcionamento do carro e impacte no dia a dia do cliente.  

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Carros autônomos serão conectados também entre si, melhorando o fluxo do trânsito
Sucesso dos veículos conectados não depende só da IA, mas também do conhecimento humano (Imagem: Zapp2Photo / Shutterstock)

Na Ford, por exemplo, temos o Command Center, uma central que monitora mais de 100 mil veículos conectados na América do Sul todos os dias. Essa central compila e filtra um (incrível) montante de 90 milhões de linhas de dados que esses veículos geram cada vez que são ligados. Sim, todos os dias. 

Há uma equipe dedicada em mergulhar nessa plataforma e averiguar situações de anormalidade que ainda não afetam o consumidor – e até mesmo nem apareceram em seu painel de instrumentos. Eles entendem a causa-raiz dessas situações e elaboram estratégias sobre a melhor forma de corrigi-las. E as soluções podem ser as mais variadas – desde atualizações over-the-air até ajustes na linha de montagem. 

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Dessa forma, a falha não é mais o gatilho para as nossas ações. Antes disso, situações que podem gerar essa falha já foram detectadas, interpretadas e resolvidas. 

Veículo autônomo
Veículos conectados devem se tornar tendência nos próximos anos (Imagem: shutterstock/Gorodenkoff)

Essa é uma grande quebra de paradigma sobre como até então se pensava e trabalhava na indústria automotiva. Certamente, é uma grande tendência para os próximos anos, uma vez que todas essas ações se traduzem no que buscamos entregar para o consumidor: uma experiência cada vez melhor, tanto com o produto quanto com a marca. E, afinal, não é o que as empresas automotivas e dos demais segmentos da indústria também estão buscando?! 

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Ao apostarmos nos dados dos veículos conectados e na inteligência artificial, é possível fazer com que engenheiros desempenhem funções de maior valor, como a otimização de sistemas, a criação e desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento da eficiência dos veículos. Isso eleva o nível de inovação da empresa e resulta em produtos e serviços de maior qualidade e confiabilidade. 

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À medida que continuamos a explorar e ampliar as fronteiras entre a relação homem-máquina (e, aqui, leia-se máquina desde as mais manuais até as mais tecnológicas), avançamos na construção da mobilidade do futuro, que será cada vez mais tecnológica, segura, confiável e sustentável.