Na madrugada desta quarta-feira (14), uma mancha bizarra no Sol lançou uma poderosa erupção solar de classe X1 – que caracteriza as explosões de maior intensidade. 

Ocorrido às 3h40 (pelo horário de Brasília), o evento ionizou o topo da atmosfera da Terra, causando um apagão de rádio em ondas curtas sobre a Ásia e o Oceano Índico.

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Erupção solar X1 ocorrida na madrugada desta quarta-feira (14). Crédito: NASA / SDO / AIA / EVE /HMI Science Teams / helioviewer.org/Reprodução

Vamos entender:

  • O Sol tem um ciclo de 11 anos de atividade;
  • Ele está atualmente no que os astrônomos chamam de Ciclo Solar 25;
  • Esse número se refere aos ciclos que foram acompanhados de perto pelos cientistas;
  • No auge dos ciclos solares, o astro tem uma série de manchas em sua superfície, que representam concentrações de energia;
  • À medida que as linhas magnéticas se emaranham nas manchas solares, elas podem “estalar” e gerar rajadas de vento;
  • De acordo com a NASA, essas rajadas são explosões massivas do Sol que disparam partículas carregadas de radiação para fora da estrela em ejeções de massa coronal;
  • As erupções são classificadas em um sistema de letras pela NOAA – A, B, C, M e X – com base na intensidade dos raios-X que elas liberam, com cada nível tendo 10 vezes a intensidade do anterior;
  • A classe X, no caso, denota os clarões de forte intensidade, enquanto o número fornece mais informações sobre sua força;
  • Um X2 é duas vezes mais intenso que um X1, um X3 é três vezes mais intenso, e, assim, sucessivamente;
  • Se as CMEs são lançadas em direção à Terra, podem atingir a atmosfera do planeta e reagir com a magnetosfera;
  • Isso provoca tempestades geomagnéticas;
  • A depender da potência, essas tempestades podem ocasionar desde a formação de auroras até efeitos mais graves, como interrupções em sistemas de comunicação ou mesmo derrubar satélites em órbita.

Por que esta mancha solar é considerada bizarra?

Esse episódio é particularmente intrigante devido à origem na mancha solar AR3784, que já vinha despertando a curiosidade dos cientistas. A razão? Sua polaridade incomum, que desafia a centenária Lei de Hale (que determina como as manchas solares devem ser polarizadas). Em vez da polaridade esperada de -+ no Hemisfério Norte, essa mancha apresenta uma polaridade de ±.

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Imagem do Sol exibe campos positivos coloridos em verde e azul e campos negativos aparecendo em amarelo e vermelho. Crédito: Observatório de Dinâmicas Solares da NASA, Magnetograma SDO/HMI, gráfico produzido e rotulado por Daisy Dobrijevic/Space.com

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Embora essa não seja a primeira mancha solar a violar a regra, essas anomalias são raras, ocorrendo em cerca de 3% dos casos. Normalmente, as manchas que desobedecem à Lei de Hale exibem uma polaridade invertida, de +- em vez de -+. No entanto, a AR3784 apresenta uma torção de 90º que a coloca no meio dessas duas categorias.

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Especialistas da plataforma de meteorologia e climatologia espacial Spaceweather.com, sugerem que a estrutura magnética dessa mancha solar é altamente instável, comparando-a a um “saca-rolhas” que, quando torcido ao extremo, pode liberar uma imensa quantidade de energia. Foi exatamente o que aconteceu, resultando na erupção solar de classe X.