Conforme noticiado pelo Olhar Digital, a NASA informou na última semana que os astronautas da primeira missão tripulada da cápsula Boeing Starliner – “presos” na Estação Espacial Internacional (ISS) há cerca de dois meses – podem acabar voltando para a Terra somente no ano que vem.

Em entrevista coletiva concedida na quarta-feira (14), representantes da agência revelaram quais as providências imediatas a serem tomadas e quando vão bater o martelo sobre a data de retorno de Butch Wilmore e Sunita Williams para casa.

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Uma aurora flui abaixo da espaçonave Starliner, da Boeing, acoplada à Estação Espacial Internacional a 430 km acima do Oceano Índico, a sudoeste da Austrália. Crédito: NASA/Matt Dominick

Relembre o caso:

  • O Teste de Voo Tripulado da Starliner – ou CFT, na sigla em inglês – foi lançado no dia 5 de junho, no topo de um foguete Atlas V, da United Launch Alliance (ULA), a partir da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida;
  • Isso aconteceu após uma série de adiamentos;
  • A última suspensão foi em razão de um vazamento de hélio na cápsula;
  • O problema não foi entendido como tão grave, e a espaçonave decolou rumo à ISS;
  • No trajeto, mais vazamentos de hélio foram identificados;
  • A acoplagem também apresentou problema: uma anomalia fez cinco dos 28 propulsores do módulo falharem em seu funcionamento, atrasando a ancoragem em mais de uma hora;
  • A NASA realizou diversos testes com esses propulsores – agora 27, já que um foi considerado inutilizável;
  • Não se sabe se a cápsula poderá servir para trazer os astronautas de volta;
  • É possível que essa tarefa fique com a SpaceX, no entanto, ainda não foi definido quando isso vai acontecer.

Enquanto as equipes em solo investigam as causas das falhas, uma decisão final sobre o retorno dos tripulantes deve ser anunciada até o fim deste mês.

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Para auxiliar na análise dos problemas, a NASA convocou especialistas de seus diversos centros de pesquisa com experiência em sistemas de propulsão de espaçonaves. “Estamos trazendo pessoas com uma perspectiva totalmente diferente para entender o que pode ter causado os problemas,” explicou Ken Bowersox, administrador associado da Diretoria de Missões de Operações Espaciais da NASA na coletiva.

Foguete Atlas V, da ULA, lançando a missão tripulada inaugural da Starliner, da Boeing. Crédito: ULA

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Astronautas podem pegar “carona” com a SpaceX

Apesar dos contratempos, Wilmore e Williams estão preparados para evacuar a ISS com a Starliner em caso de emergência. No entanto, a NASA ainda não considera seguro o retorno à Terra com a espaçonave, o que criou um efeito cascata nas viagens programadas para o laboratório orbital. A missão Crew-9 da SpaceX, por exemplo, teve seu lançamento adiado para o fim de setembro, enquanto um voo de reabastecimento da empresa foi remarcado para meados de outubro.

Caso os problemas não sejam resolvidos, a Starliner pode ter que retornar à Terra sem tripulação. Nesse cenário, a missão Crew-9 poderia ser lançada com apenas dois astronautas, com o objetivo de dar uma “carona” para Wilmore e Williams na volta, que será somente em fevereiro de 2025.

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A NASA planeja realizar uma revisão de prontidão de voo após a conclusão das análises dos dados de propulsão. Enquanto isso, Wilmore e Williams permanecem ativos na ISS, colaborando nas tarefas diárias e aproveitando o tempo extra em órbita. “A agência está garantindo que não colocamos a tripulação em risco desnecessário”, afirmou o astronauta-chefe da NASA, Joe Acaba, destacando a importância da cautela.