Mais um avanço significativo foi feito na busca por sinais de vida em Marte. Um artigo publicado na última quarta-feira (14), na revista AGU Advances, indica que algumas rochas coletadas em 2022 pelo rover Perseverance, da NASA, apresentam evidências da presença de água no passado. E onde há água, pode ter havido vida.

As sete amostras foram obtidas na cratera Jezero, em uma região de “leque aluvial” repleta de rochas sedimentares na encosta oeste, onde o rover pousou em fevereiro de 2021, junto ao seu então companheiro de missão, o helicóptero Ingenuity (aposentado em janeiro deste ano). Este local parece ter sido um antigo ponto onde um rio depositava sedimentos em um lago, hoje seco.

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Os buracos mostram onde o rover Perseverance da NASA coletou núcleos de amostras de rochas de “Wildcat Ridge” na superfície de Marte. (Crédito da imagem: NASA / JPL-Caltech / ASU / MSSS)

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“Essas rochas confirmam a existência de ambientes habitáveis em Marte, pelo menos temporariamente”, afirmou Tanja Bosak, professora de geobiologia no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e principal autora do estudo, em um comunicado. “Descobrimos que houve muita atividade relacionada à água. Não sabemos por quanto tempo, mas foi o suficiente para formar esses grandes depósitos sedimentares”.

Embora os instrumentos do Perseverance não tenham identificado matéria orgânica nas rochas, os cientistas encontraram minerais promissores nas amostras. “Identificamos muitos minerais como carbonatos, que na Terra formam recifes”, explicou Bosak. “Esses materiais são ideais para preservar fósseis de vida microbiana”.

O rover Perseverance coloca seu braço robótico para trabalhar em torno de um afloramento rochoso chamado “Skinner Ridge”, na cratera Jezero, em Marte. Crédito: NASA / JPL-Caltech / ASU / MSSS

Água salgada em Marte poderia ter preservado possíveis formas de vida

Além disso, os pesquisadores também encontraram sulfatos, que se formam em água salgada. Embora a água salgada não seja o ambiente mais propício para a vida, ela pode conservar evidências biológicas. “Se existisse matéria orgânica, seria como conservar algo em sal”, explicou a pesquisadora. “Qualquer forma de vida que tivesse caído na camada salgada poderia estar muito bem preservada”.

As amostras de rocha foram lacradas em tubos, e os cientistas esperam que um dia sejam trazidas à Terra para estudos mais detalhados. “Aqui na Terra, com microscópios de alta resolução e instrumentos avançados, podemos realmente tentar encontrar sinais de vida”, concluiu Bosak.