Os astronautas da NASA Sunita Williams e Butch Wilmore passaram 9 meses dentro da Estação Espacial Internacional (Imagem: NASA)
No início de junho, Barry Wilmore e Sunita Williams, astronautas da NASA, embarcaram na espaçonave Starliner para uma missão de aproximadamente uma semana na Estação Espacial Internacional (ISS). Aquele foi o primeiro voo tripulado da cápsula da Boeing ao laboratório orbital sob contrato com a agência.
Já se passaram mais de dois meses da data prevista de retorno à Terra, e, até agora, não se sabe quando (nem como) eles vão voltar para casa. Isso pode levar mais seis meses para acontecer. E uma das questões que essa situação peculiar traz é: como Wilmore e Williams estão lidando com essa espera?
Relembre o caso:
Enquanto as equipes em solo investigam as causas das falhas, uma decisão final sobre o retorno dos tripulantes deve ser anunciada até o fim deste mês.
Esperar nunca é fácil. Em situações normais, já é algo que provoca frustração e ansiedade. Em momentos críticos como esse, a espera pode se transformar em um verdadeiro tormento.
Um dos motivos é que a espera distorce nossa percepção do tempo. Lembre-se da última vez que aguardou um ônibus atrasado, resultados de exames ou uma mensagem de alguém especial. O tempo pareceu voar ou se arrastar nessas ocasiões? Para a maioria das pessoas, o tempo passa lentamente durante a espera, fazendo com que minutos pareçam horas.
Essa sensação acontece porque, quando esperamos, aumentamos o tempo que passamos pensando no tempo. No dia a dia, com a mente ocupada, não damos muita atenção ao tempo, o que ajuda a sensação de que ele passa rápido. No entanto, quando estamos à espera de algo, nosso foco no tempo se intensifica, como se ficássemos “observando o relógio”, o que faz com que os minutos pareçam se arrastar. O estresse e a ansiedade só pioram essa sensação, tornando a espera ainda mais angustiante.
Além disso, a espera desacelera nossa percepção do tempo devido à falta de atividades que a acompanham. Em nossa rotina normal, estamos sempre ocupados com tarefas e interações variadas. A necessidade súbita de esperar interrompe esse fluxo, deixando-nos sem ocupação, o que aumenta o tédio e a frustração.
Em um artigo para o site The Conversation, Ruth Ogden, professora de Psicologia do Tempo na Universidade John Moores de Liverpool, no Reino Unido, e Daniel Eduardo Vigo, pesquisador ênior em Cronobiologia, Pontifícia Universidade Católica da Argentina lembram que durante a pandemia de Covid-19, muitas pessoas experimentaram essa sensação de tempo arrastado. O confinamento em casa, sem a rotina e as distrações habituais, fez com que os dias parecessem intermináveis para muitos.
Os astronautas na ISS enfrentam algo parecido. A ansiedade sobre o retorno à Terra, as atividades limitadas e o pouco contato com amigos e familiares tornam a espera para voltar para casa ainda mais longa. No entanto, investigações com membros de estações de pesquisa na Antártica sugerem que a situação pode não ser tão desesperadora.
Cientistas que passam longos períodos isolados em ambientes extremos, como o continente gelado, relataram que a ocupação constante com tarefas científicas complexas ajuda a acelerar a percepção do tempo.
Em uma pesquisa recente, 80% dos membros de uma tripulação antártica disseram que o tempo passava rapidamente, graças às suas atividades. Isso pode ser um alívio para os astronautas da ISS, que também têm uma rotina exigente. Mesmo assim, a incerteza sobre quando poderão voltar para casa pode continuar sendo um desafio significativo.
Esta post foi modificado pela última vez em 20 de agosto de 2024 19:10