Veja como as rochas de Marte nos ajudam a entender o espaço

As rochas de Marte ajudam a compreender o passado do planeta, especialmente quando havia água nele há cerca de 3 bilhões de anos
Por Ramana Rech, editado por Bruno Ignacio de Lima 24/08/2024 22h20, atualizada em 05/09/2024 11h22
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Rocha Chevaya Falls. Imagem: Reprodução/NASA
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As rochas de Marte podem contar a história do planeta e também seu potencial para abrigar vida. A superfície marciana dispõe de inúmeras pedras com diferentes composições, classificações e idade.

A composição, por exemplo, ajuda a mostrar o que ocorreu com o planeta em um passado distante, em especial, quando havia água líquida há cerca de três bilhões de anos.

Em julho deste ano, por exemplo, o rover Perseverance da NASA encontrou uma rocha intrigante de Marte. Ela tem indicações de que poderia ter abrigado vida microbial bilhões de anos atrás. Apelidada de Chevaya Falls, a rocha conta com assinaturas químicas e estruturas que podem ter sido formadas por vida quando a região ainda continha água corrente.

O material estava em uma área na porção nordeste de Neretva Vallism, um antigo vale de rio que mede 400 metros de largura.

O rover Perseverance coloca seu braço robótico para trabalhar em torno de um afloramento rochoso chamado “Skinner Ridge”, na cratera Jezero, em Marte. Crédito: NASA / JPL-Caltech / ASU / MSSS

Apesar da descoberta empolgante, a agência espacial ressalta que mais estudos sobre o material ainda são necessários para definir se vida ancestral é, de fato, uma explicação válida. A equipe analisa se existem outros motivos por trás das características da rocha de Marte.

“Por um lado, temos nossa primeira detecção convincente de material orgânico, manchas coloridas distintas indicativas de reações químicas que a vida microbiana poderia usar como fonte de energia, e evidências claras de que a água — necessária para a vida — uma vez passou pela rocha”, avalia o cientista do projeto Perseverance Ken Farley.

“Por outro lado, não conseguimos determinar exatamente como a rocha se formou e até que ponto as rochas próximas podem ter aquecido a Cheyava Falls e contribuído para essas características”, completou.

Representação artística de um asteroide na órbita de Marte. Créditos: Fordelse Stock (Marte); Yes058 Montree Nanta (asteroide) / Shutterstock. Edição: Olhar Digital

Rocha de Marte com enxofre puro

A NASA anunciou também em julho deste ano que o rover Curiosity encontrou uma pedra com composição inusitada e nunca vista no planeta vermelho. Em 30 de maio de 2024, o rover passou por cima de uma rocha que se partiu, revelando cristais amarelos de enxofre. A descoberta deixou os cientistas surpresos.

Já haviam sido encontradas no planeta minerais baseados em enxofre. O próprio rover estava em área rica em sulfatos (tipo de sal que contém enxofre e se forma à medida que a água evapora) quando “tropeçou” na rocha de Marte.

O recente achado da NASA, entretanto, é feito de enxofre puro. “Encontrar um campo de rochas feitas de enxofre puro é como encontrar um oásis no deserto”, comparou o cientista do projeto de Curiosity Ashwin Vasavada. “Ele não deveria estar ali, então agora temos que explicar”, disse.

Cristais amarelos encontrados pelo rover Curiosity. Imagem: Reprodução/JPL NASA

NASA quer trazer amostras de rochas para Terra

De acordo com reportagem do The New York Times, a capacidade limitada dos rovers não permite que cientistas façam afirmações mais conclusivas. Mas a NASA quer, de alguma forma, trazer amostras das rochas de Marte para a Terra.

Por isso, parte importante da missão de Perseverance é perfurar rochas interessantes para estudo em laboratórios de última geração na Terra.

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Essa futura viagem das amostras das rochas de Marte, porém, promete ser um grande desafio, com necessidade de um orçamento bilionário e anos para desenvolvimento. “O ponto central é que US$11 bilhões é muito caro”, afirma o administrador da NASA, Bill Nelson. “Mas não devolver as amostras até 2040 é inaceitavelmente demorado.”

Ramana Rech
Colaboração para o Olhar Digital

Ramana Rech é jornalista formada pela ECA-USP. Participou do Curso Estadão de Jornalismo Econômico e tem passagem pela Editora Globo e Rádio CNN.

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia. Atualmente, é editor de Dicas e Tutoriais no Olhar Digital.