Satélite se prepara para cair do espaço e fazer reentrada na Terra

O Salsa será o segundo satélite europeu a fazer uma reentrada controlada na atmosfera da Terra, após o Aeolus, que foi desorbitado em 2023
Por Flavia Correia, editado por Lucas Soares 28/08/2024 10h37, atualizada em 28/08/2024 11h08
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Em setembro, o primeiro dos quatro satélites que compõem a missão Cluster, da ESA, irá reentrar na atmosfera terrestre sobre a área desabitada do Oceano Pacífico Sul. Crédito: ESA / David Ducross
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No próximo mês, um satélite chamado Salsa será guiado para reentrar na atmosfera da Terra e queimar sobre uma região remota do Pacífico Sul. Esta manobra controlada é um marco na estratégia de “reentrada guiada” da Agência Espacial Europeia (ESA), que visa reduzir o risco de detritos espaciais caírem em áreas povoadas. 

O Salsa será o segundo satélite a passar por este procedimento, após o sucesso do satélite meteorológico Aeolus, que foi desorbitado em 2023.

Lançado em 2000 para monitorar o campo magnético da Terra, o satélite Salsa faz parte de um grupo de quatro satélites chamado Cluster. Inicialmente projetados para uma missão de dois anos, essas espaçonaves continuam a fornecer dados científicos valiosos quase 25 anos depois. No entanto, com o aumento da preocupação sobre o acúmulo de detritos espaciais, a ESA decidiu adotar uma abordagem mais responsável para o fim da vida útil desses equipamentos.

Caminho do satélite Salsa sobre a Terra pouco antes da reentrada, esperada para 8 de setembro. Crédito: ESA

Reentrada controlada de satélite visa gerar menos detritos espaciais

O objetivo da reentrada guiada, que está prevista para o dia 8, é minimizar os riscos associados à queda descontrolada de satélites. Embora as chances de um satélite causar danos na Terra sejam mínimas, a ESA está empenhada em reduzir ainda mais esses riscos. “Estudar como o Salsa queima e quais partes podem sobreviver nos ajudará a desenvolver satélites que gerem menos detritos”, afirmou Tim Flohrer, chefe do Escritório de Detritos Espaciais da ESA, em um comunicado.

Representação artística da missão Cluster com os quatro satélites que a compõem. Crédito: ESA

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O processo de reentrada do Salsa difere do Aeolus devido à sua órbita altamente excêntrica, que varia de 100 km a 130 mil km da Terra. Em janeiro de 2024, o Salsa realizou uma manobra que o colocará em uma trajetória de reentrada controlada, com seu ponto mais próximo da Terra atingindo 80 km, antes de queimar sobre o Pacífico Sul. Este experimento permitirá à ESA coletar dados valiosos sobre o comportamento de satélites em diferentes ângulos de reentrada.

Após a reentrada do Salsa, os três satélites restantes do Cluster – Rumba, Tango e Samba – também serão desorbitados nos próximos anos, completando este experimento pioneiro. Enquanto o Rumba está programado para reentrar em 2025, as reentradas do Tango e do Samba serão em 2026. 

A ESA espera que esses testes contribuam para o desenvolvimento de satélites que minimizem a criação de novos detritos espaciais, protegendo tanto o espaço quanto a Terra.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.