A carinha da Lua nos dias atuais passa a impressão de que ela (quase) sempre foi pacífica. Quase, pois as várias crateras nela demonstram muita atividade no passado.

Mas, para além disso, assim como várias regiões de nosso planeta, nosso satélite natural já foi um antro de vulcões bem ativos, deixando muito magma por lá. E isso pode ter acontecido há (relativamente) pouco tempo: apenas 120 milhões de anos.

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Isso é o que os dois quilos de amostras lunares coletadas pela sonda chinesa Chang’e-5 apontam. Elas têm demonstrado um valiosismo incalculável, haja vista que já mostraram aos cientistas evidências de água e até de minerais então desconhecidos pelos seres humanos.

Nas amostras, foram encontradas diversas amostras de vidro, sendo que um milionésimo do total parece ser vulcânica e bem mais recente do que se esperava.

Lua à noite
Amostras chinesas da Lua mostram vulcões mais novos do que se esperava (Imagem: Rodrigo Mozelli/Olhar Digital)

Há ampla evidência geológica de atividade vulcânica antiga na Lua, mas não está claro por quanto tempo esse vulcanismo persistiu. Investigamos cerca de três mil esferas de vidro em amostras de solo lunar coletadas pela missão Chang’e-5 e identificamos três esferas de vidro vulcânicas com base em suas texturas, composições de elementos principais e traços e análises de isótopos de enxofre em seu lugar original.

Yuyang He, professor da Academia Chinesa de Ciências, em entrevista à IFLScience

“A datação de urânio-chumbo das três esferas de vidro vulcânicas mostra que elas se formaram há 123 ± 15 milhões de anos, o que é o mais jovem vulcanismo lunar confirmado por datação por radioisótopos até agora”, prosseguiu o professor à IFLScience.

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Dinossauros viviam enquanto atividade vulcânica imperava na Lua

  • Portanto, os dinossauros estavam andando pela Terra enquanto a Lua já tinha atividade vulcânica;
  • Mas, segundo dados obtidos com a amostra, essa atividade era limitada;
  • Especula-se que a atividade vulcânica era em pequena escala;
  • Dessa forma, é improvável que os dinossauros tivessem visto a Lua brilhando por conta ada lava que escorria por sua superfície.

“A erupção deve ter sido de pequena escala. Caso contrário, seria observada por técnicas de sensoriamento remoto, como aquelas atividades vulcânicas mais antigas na Lua. Não teríamos conseguido vê-la a olho nu, mas se tivéssemos um telescópio, poderíamos tê-la visto”, explicou o professor.

Graças a amostras obtidas em missões anteriores, como a Luna, da antiga União Soviética e as Apollo da NASA, sabe-se que a atividade vulcânica lunar começou logo após sua formação, há 4,4 bilhões de anos a, pelo menos, 2,9 ou 2,8 bilhões de anos.

A análise de amostras lunares retornadas pela missão Chang’e-5 da China demonstrou que o vulcanismo basáltico persistiu até pelo menos 2,0 Ga. Esperava-se que as contas de vidro vulcânico lunar fossem mais antigas que 2,0 Ga. Há uma lacuna de cerca de 1,9 bilhão de anos entre as erupções registradas no local de pouso, e não está claro como a Lua poderia ter permanecido vulcanicamente ativa em um estágio tão tardio.

Yuyang He, professor da Academia Chinesa de Ciências, em entrevista à IFLScience

Imagem de detalhe da Lua
Crateras lunares denunciam passado de nosso satélite natural (Imagem: Shutterstock)

A pesquisa foi publicada na Science.