Carros inteligentes podem se comunicar para criar um tráfego mais rápido e seguro para todos. Você já deve ter ouvido essa frase, né? Mas apesar de ainda estarmos um pouco longe de carros autônomos sem pilotos, a parte da inteligência pode estar muito mais perto de chegar. Um bom exemplo disso é a cidade de Salt Lake City, no estado de Utah, nos Estados Unidos, que está conectando seus ônibus.

O sistema usa transmissores de rádio dentro de ônibus de passageiros que se comunicam diretamente com os semáforos solicitando alguns segundos extras de verde quando se aproximam. Pode parecer simples, mas o recurso envolve uma comunicação bastante complexa e cálculos para que esses segundos a mais não causem problemas. 

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Mas isso é só o começo, o plano inteiro, que já conta com US$ 20 milhões de orçamento, é conectar todos os veículos em Utah, bem como nos estados vizinhos Colorado e Wyoming. Com isso, os pesquisadores esperam reduzir congestionamentos na região, além de aumentar a segurança no trânsito. 

“Um veículo pode nos dizer muito sobre o que está acontecendo na estrada”, disse Blaine Leonard, engenheiro de tecnologia de transporte do Departamento de Transporte de Utah ao Techxplore. “Talvez ele tenha freado muito forte, ou os limpadores de para-brisa estejam ligados, ou as rodas estejam escorregando. O carro nos transmite anonimamente esse sinal de dados 10 vezes por segundo, nos dando um fluxo constante de informações.”

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Carros conectados (Imagem: Shutterstock)

O conceito é que os carros possam transmitir dados para outros carros e também para sensores na estrada e ficou conhecido como V2X. Existe, inclusive, um plano do governo dos EUA para conectar os sistemas que estão sendo desenvolvidos por empresas diferentes. 

Uma previsão de 2016 indica que a tecnologia evitaria de 439.000 a 615.000 acidentes e salvaria de 987 a 1.366 vidas.

Polêmicas do projeto de conectar carros

O projeto, entretanto, não está livre de polêmicas. A principal dela é por conta da privacidade dos dados. Mesmo que os projetos garantam que não haverá coleta de dados pessoas nas transmissões, quem é contrário a ideia diz não confiar na segurança dessas informações. 

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“Depois de obter informações exclusivas suficientes, você pode dizer razoavelmente que o carro que passa por esta rua neste momento e que tem esta classe de peso específica provavelmente pertence ao prefeito”, disse Cliff Braun, diretor associado de tecnologia, política e pesquisa da Electronic Frontier Foundation, que defende a privacidade digital

Sistema ainda em testes 

De qualquer forma, o sistema ainda está em teste e, pelo menos por enquanto, parece estar funcionando. “O que quer que eles estejam fazendo está funcionando”, disse Jenny Duenas, diretora assistente da Panda Child Care, onde 80 crianças entre 6 semanas e 12 anos estão matriculadas. “Não vemos trânsito há algum tempo. Temos que transportar nossos filhos para fora daqui, então, quando estiver muito mais livre, será muito mais fácil sair da creche.”

O desafio agora é transportar o que foi feito apenas com ônibus, que possuem um trajeto definido, para carros que estão circulando pela cidade.