Como cientistas fazem reconstrução facial de múmias e outros fósseis?

A reconstrução facial das múmias é feita partir de dados dos crânio. Por exemplo o formato da mandíbula inferior indica a forma do queixo
Por Ramana Rech, editado por Layse Ventura 01/12/2024 08h20
Reconstrução facial 3D do Homo naledi
Reconstrução facial 3D do Homo naledi. Imagem: Cicero Moraes (Arc-Team)/Wikimedia Commons (CC BY 4.0)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

A reconstrução facial de múmias e fósseis tem importância forense, antropológica e médica. Essa é uma ciência ainda em expansão, com correções e questionamentos de metodologias, bem como descobertas de diferentes formas para simular a aparência dos rostos do passado.

Tipicamente, a reconstrução facial de múmias é feita de forma manual com argila em uma réplica de crânio. Mas esse processo também pode acontecer de forma 3D ao escanear um crânio a partir softwares específicos de computador.

Para começar, o crânio é posicionado em plano horizontal, que mimetiza a posição natural da cabeça das pessoas vivas quando ereta e em repouso. Marcadores são colocados em diferentes pontos do osso.

Depois disso, os músculos superficiais de expressão facial e mastigação são colocados. Cada músculo tem um lugar específico que é influenciado pelo formato do crânio. Por fim, os pesquisadores adicionam pele à reconstrução facial de múmias e fósseis.

Imagem: Divulgação/Cicero Moraes e Michael Habicht

Dados das medições dos crânios, os padrões de forma são observados para modelar os diversos detalhes do rosto. Por exemplo, a altura do lábio é calculada usando medições dos dentes da frente e a forma do queixo pode ser indicada pelo formato do osso da mandíbula inferior.

Exemplos de reconstrução facial de múmias

Existem algumas formas de reconstruir o rosto de múmias e fósseis. Um deles é a reconstrução 3D. Foi assim que cientistas remontaram o rosto de três homens que viveram no antigo Egito há mais de 2 mil anos, com base nos dados do DNA de seus restos.

Essa técnica se chama fonotipagem forense DNA funciona a partir de análise genética para prever a forma e as características das pessoas. Essa reconstrução facial para múmias oferece diversos desafios, já que o DNA com frequência está degradado e misturado ao de bactérias.

Outro trabalho, dessa vez, conduzida por uma universidade brasileira, a PUC-RS, na múmia Iret-Neferet utilizou uma tomografia digital do crânio, além de informações sobre gênero, ancestralidade e idade. A equipe também analisou registros forenses para fazer a reconstrução de músculos, nariz e posição dos olhos.

Imagem: Cícero Moraes/PUC-RS

Leia também:

Em um artigo publicado na revista Frontiers, pesquisadores questionaram as metodologias usadas hoje na reconstrução facial das múmias e fósseis. Eles defenderam que as primeiras reconstruções faciais são baseadas fortemente na opinião dos criadores.

As reconstruções, de fato, não podem ser entendidas como retratos exatos das pessoas e ancestrais humanos que existiram no passado. Mas podem guardar algumas semelhanças.

Ramana Rech
Colaboração para o Olhar Digital

Ramana Rech é jornalista formada pela ECA-USP. Participou do Curso Estadão de Jornalismo Econômico e tem passagem pela Editora Globo e Rádio CNN.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.