Vídeo mostra amuleto com a prova mais antiga da expansão do cristianismo na Europa

Uma relíquia de prata do século III encontrada junto a um esqueleto é a evidência mais antiga da expansão do cristianismo na Europa
Flavia Correia19/12/2024 16h11, atualizada em 19/12/2024 18h26
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No destaque, o pingente que guardava uma folha de prata dentro, contendo uma mensagem cristã. Crédito: Prefeitura de Frankfurt
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Conforme noticiado pelo Olhar Digital, ossos antigos e um artefato de prata, datados entre os anos de 230 e 270, podem ajudar a reescrever a narrativa sobre o cristianismo na Europa. Descobertos na antiga cidade romana de Nida, atual Frankfurt, Alemanha, os achados fornecem a mais antiga evidência autêntica da expansão dessa religião ao norte dos Alpes europeus.

Durante escavações em um cemitério romano, arqueólogos descobriram um esqueleto com um pequeno objeto metálico no pescoço: um amuleto de prata de 3,5 cm, que provavelmente era usado como pingente em um colar. 

Dentro do amuleto, havia uma fina folha de prata enrolada, tão frágil que não podia ser aberta manualmente. Técnicas avançadas de tomografia computadorizada permitiram a reconstrução digital do objeto, revelando um texto de 17 linhas:

“(No nome?) de São Tito.
Santo, santo, santo!
Em nome de Jesus Cristo, Filho de Deus!
O senhor do mundo
resiste com o melhor de sua [habilidade?]
todas as convulsões (?)/contratempos(?).
O deus (?) concede bem-estar
Admissão.
Este dispositivo de resgate (?) protege
a pessoa que
Rende-se à vontade
do Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus,
desde antes de Jesus Cristo
Dobre todos os joelhos: os celestiais,
o terreno e
o subterrâneo e todas as línguas
confessar (a Jesus Cristo).”

Essa inscrição sugere que o cristianismo já estava presente na região muito mais cedo do que se acreditava, entre 50 e 100 anos antes das evidências reconhecidas na Europa Central, que datam do século IV.

Dentro do pingente encontrado junto a um esqueleto, havia uma microfolha de prata contendo uma inscrição relacionada ao cristianismo. Crédito: Prefeitura de Frankfurt

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Embora a identidade do indivíduo enterrado seja incerta, é provável que ele (ou ela) se identificasse como cristão. O achado indica que a religião, iniciada como uma seita judaica na Judeia do século I, havia se espalhado para além de Roma ainda no século III, mesmo com a perseguição aos seus adeptos. O vídeo abaixo divulga a descoberta.

Descoberta muda a história do cristianismo em Frankfurt e na Europa

A descoberta também contrasta com relatos históricos que, embora mencionem cristãos na Gália e Alta Germânia no final do século II, não são considerados plenamente confiáveis. A “Inscrição de Frankfurt” surge como evidência concreta da presença cristã na região naquela época.

“Essa descoberta muda a história do cristianismo em Frankfurt e na Europa. O primeiro registro cristão ao norte dos Alpes é da nossa cidade, e isso é motivo de orgulho”, destacou Mike Josef, prefeito de Frankfurt, em um comunicado.

Na nota, Ina Hartwig, chefe de cultura e ciência de Frankfurt, diz que a descoberta terá impacto em diversas áreas de pesquisa, como arqueologia, estudos religiosos e antropologia. “Uma descoberta tão importante aqui em Frankfurt é realmente algo extraordinário.”

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.