Quedas e explosões: entenda as principais causas de acidentes aéreos

Mesmo sendo muito seguros, aviões estão expostos ao risco de cair ou explodir durante uma viagem, decolagem ou pouso
Por Camila Oliveira, editado por Bruno Capozzi 10/01/2025 03h00, atualizada em 10/01/2025 12h36
Silhueta da traseira de um avião sobrevoando o oceano durante com céu alaranjado ao fundo
(Imagem: muratart/Shutterstock)
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Os aviões são considerados o meio de transporte mais seguro do mundo, sendo muito mais do que automóveis e qualquer outro meio de transporte terrestre ou aquático. Ainda assim, as aeronaves ainda contam com riscos potenciais altos, já que estão longe do solo e em alta velocidade.

Mesmo que os aviões sejam máquinas incríveis da engenharia, que contam com tecnologia cada vez mais avançada, ainda podem acontecer alguns fatores que acabam em um acidente aéreo, ainda que não seja algo recorrente.

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Vez ou outra, vemos notícias de aeronaves que se envolveram em acidentes, seja por quedas ou por explosões. Nessas horas, podemos nos perguntar como isso acontece, uma vez que é o meio de transporte mais seguro do mundo. Confira abaixo na matéria algumas explicações do porquê isso pode acontecer.

Quais as principais causas de quedas e explosões de aviões?

Antes de falar dos motivos que fazem um avião cair ou explodir, vamos explicar como é possível que ele voe e se mantenha no ar. Primeiramente, o avião voa por causa dos impulsos gerados pelo formato das suas partes, como as asas, turbinas e pás. Além disso, os caminhos que o ar percorre pela aeronave geram diferenças de pressão.

De forma simples, o avião voa e permanece no ar por dois fatores: resistência do ar e peso da aeronave. Quando a aeronave decola, o vento bate de baixo e “puxa” as asas para cima, gerando a força necessária para tirá-lo do chão, com a resistência do ar.

Já na parte de fora e longe do chão, as hélices, turbinas e pás móveis geram o impulso preciso para que o avião não caia. A velocidade do avião é fundamental para manter sua sustentação, enquanto as asas geram uma força que contrabalanceia o seu peso, o que o mantém no ar.

avião
Imagem: ohayokung/Shutterstock

Fatores que podem fazer o avião cair

Despressurização

Quanto mais alto, mais rarefeito é o ar, e com menos resistência do ar, o avião voa mais depressa, gastando menos combustível. Por isso, aviões comerciais voam bastante alto, a 11 km de altura. Porém, nessa altitude, a pressão atmosférica é baixa, não existindo ar suficiente para respirar.

Por conta disso, os aviões contam com um sistema que comprime o ar atmosférico e coloca dentro da cabine, sendo a pressurização. Mas, ela também pode falhar, causando a morte de forma rápida, já que uma despressurização aguda faz uma pessoa apagar em menos de 15 segundos. Em uma altitude elevada, fica difícil do piloto reduzir para uma posição mais baixa de forma rápida, o que pode causar acidentes.

Falha estrutural – Força G

O avião pode perder uma parte vital de sua estrutura quando está no ar, principalmente por conta de manutenção mal feita, acumulando desgaste. Mas, isso também pode acontecer em aeronaves em bom estado, caso o piloto faça manobras que gerem forças gravitacionais muito fortes, fazendo com que a fuselagem arrebente.

Isso aconteceu com um Airbus A300 da American Airlines em 2001, quando o piloto pegou uma turbulência e se assustou. Quando tentou estabilizar a aeronave com movimentos bruscos, o rabo do avião quebrou e ele caiu, tirando a vida de 260 pessoas.

Por isso, a resistência de aviões à força G é uma preocupação da indústria aeronáutica, e os jatos modernos contam com sistemas que avisam quando estão voando em condições que podem colocar em risco a integridade da fuselagem.

Imagem: Divulgação/Boom Technology

Falha nas turbinas

Ao contrário do que se pensa, o maior inimigo das turbinas não são as falhas mecânicas, mas sim os pássaros. Entre 1990 e 2007, foram mais de 12 mil colisões envolvendo aves e aviões. Naturalmente, as turbinas são feitas para suportar alguns tipos de pássaros, com teste em laboratório. Porém, desde o início dos anos 90 foram 312 turbinas destruídas em voo por pássaros.

Caso perca um dos motores, o avião ainda consegue voar, mas se isso acontecer durante a decolagem, quando ele ainda está baixo e lento, ou se os pássaros destruírem as duas turbinas, pode haver consequências graves.

Em janeiro de 2009, um Airbus A320 da US Airways perdeu os dois motores assim que decolou de Nova York. O piloto conseguiu voar mais de 6 minutos, levando o avião até o rio Hudson e fazendo um pouso bem-sucedido na água.

Imagem: Heart Aerospace

Pane nos computadores

Os computadores de bordo também são vitais para a segurança do voo, porém, eles também podem falhar. Algumas aeronaves mais computadorizadas, como o Airbus A330, podem sofrer desse mal, como os 7 casos críticos que aconteceram com o modelo nos últimos 12 meses.

Com isso, partes do computador de bordo desligaram ou apresentaram comportamento errôneo. Em um desses casos, o voo da Air France que ia de São Paulo para Paris caiu no oceano Atlântico, com 232 pessoas, sem sobreviventes.

Um Boeing 777 da Malaysia Airlines também sofreu um problema parecido em agosto de 2005, quando o avião decolou da Austrália e teve que retornar às pressas após 18 minutos de voo, porque o piloto automático começou a inclinar o avião de forma perigosa. O motivo: problema de software.

Imagem feita com inteligência Artificial. Alessandro Di Lorenzo/Olhar Digital/DALL-E

Erro humano

Grande parte das vezes o piloto tem alguma culpa. Acidentes aéreo são a somatória de uma sequência de erros, sendo que em 60% desses casos estão inclusas algum tipo de falha humana.

O pior caso foi em março de 1977, na ilha de Tenerife, quando diversos fatores se juntaram para que a tragédia acontecesse. Para resumir, o piloto de um 747 holandês ignorou as instruções e começou o procedimento de decolagem, batendo em outro avião que manobrava à frente. Foram 583 mortos.

Fator clima

Mesmo com muita ajuda eletrônica, como navegação por satélite e dados meteorológicos, os aviões continuam enfrentando problemas com tempestades, neve e nevoeiro. A questão climática é um desafio para a indústria como parte da combinação de fatores que pode contribuir com acidentes.

Um exemplo é o voo AF447, da Air France, que caiu entre Rio e Paris porque os sensores de velocidade congelaram. Outra preocupação é a mudança climática, porque mesmo com equipamentos sofisticados que antecipam situações climáticas adversas, se torna mais imprevisível.

Avião convertido da Embraer, E190F, decolando
(Imagem: Embraer)

Avião explode?

Mesmo que pareça uma bola de fogo no ar quando acontece um acidente aéreo de grandes proporções, isso é algo raríssimo em situações normais, já que os aviões não se transformam em bombas voadoras. O motor pode se incendiar deixando um rastro de fumaça, mas dizer que é uma explosão chega a ser um exagero.

O comandante Ronaldo Jenkins conta que as aeronaves não se incendeiam com facilidade, uma vez que seus tanques contam com uma série de proteções. Durante a fase da decolagem e subida, elas estão com o máximo do combustível, aumentando a possibilidade de fogo em caso de vazamento.

Já na queda no solo nessas condições pode, sim, surgir uma bola de fogo, mas nem sempre em todos os casos. Em caso de problema mecânico ou mesmo uma falha humana, é mais provável que o avião caia como um objeto descontrolado.

Qual a velocidade da aeronave mais rápida do mundo?

O avião comercial mais rápido do mundo é o Concorde, da British Airways. O modelo possui o recorde mundial de velocidade para um avião de passageiros, tendo alcançado 2.180 km por hora, representando mais do que o dobro da velocidade do som. Sua operação nessas condições foi capaz de voar de Nova York para Londres em apenas 2 horas, 52 minutos e 59 segundos em 1996.

Avião tem buzina?

Sim! Avões têm buzina, porém, é um sistema de sinalização sonora que serve para comunicação, e não para alerta como no carro. Ela serve para chamar atenção da equipe mecânica e alertá-la sobre problemas que possam ser corrigidos por eles, e seu som é alto e de alta frequência.

Camila Oliveira
Colaboração para o Olhar Digital

Camila Oliveira é jornalista desde 2012. Curiosa e inquieta, já passou por diversas editorias e também trabalhou em outras áreas. Hoje é colaboradora do Olhar Digital e escreve sobre o que mais gosta.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.