É mesmo saudável comer mais de 10 ovos por dia?

A musa fitness Gracyanne Barbosa, que está no BBB 25, revelou que come 40 ovos por dia. Porém, isso é saudável? Saiba tudo na matéria
Por Camila Oliveira, editado por Wagner Edwards 17/01/2025 18h15
imagem mostra vários ovos cozidos numa refeição com fatias de pão
Refeio com ovos cozidos (Reprodução: Freepik)
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A presença da musa fitness e influenciadora Gracyanne Barbosa no BBB 25 causou alvoroço na internet, não apenas por ser uma personalidade muito conhecida, mas também pela fama de comer muitos ovos por dia. Ela mesma revelou que consome 40 unidades do alimento diariamente, o que deve ser impossível de seguir dentro do reality.

Já no primeiro dia de programa, a musa ingeriu nove ovos, sendo contabilizados de forma divertida pela edição. Porém, além dos memes, o assunto trouxe uma discussão relevante sobre a quantidade ideal de ovos que devem ou podem ser consumidos por dia.

Por ser um dos alimentos mais completos e nutritivos disponíveis, já que é rico em proteínas, vitaminas e minerais, o ovo é bastante consumido principalmente por quem pratica atividades físicas, também por contribuir para o crescimento muscular. Contudo, os especialistas dizem que o consumo excessivo e repetido de qualquer alimento não é indicado. Veja na matéria!

Qual a quantidade adequada de ovos por dia?

Ainda que os ovos não representem um risco direto para a saúde, especialistas dizem que não se deve consumi-los excessivamente, assim como qualquer outro alimento em uma dieta equilibrada. Isso porque, mesmo repleto de proteínas e nutrientes essenciais, também há uma quantidade significativa de colesterol nos ovos, que pode gerar uma consequência negativa para a saúde cardiovascular.

bendeja de madeira cheia de ovos brancos e marrons
Um ovo de tamanho médio contém aproximadamente 186 miligramas de colesterol, sendo a maior parte na gema (Imagem: RHJPhtotos/Shutterstock)

A Clínica Mayo, na Flórida (Estados Unidos), revela que um ovo de tamanho médio contém aproximadamente 186 miligramas de colesterol, sendo a maior parte na gema. O nível, no entanto, pode variar um pouco de acordo com o tamanho do ovo. Sendo assim, essa é uma média aproximada.

Mesmo que o colesterol tenha ganhado má fama nos últimos anos por sua associação com maior risco de doenças cardiovasculares, a Associação Americana do Coração deixa claro que o colesterol não é tão simples quanto parece.

Existem dois tipos da substância: o LDL (lipoproteína de baixa densidade), conhecido como colesterol “ruim”, que pode se acumular nas paredes das artérias e aumentar o risco de problemas cardíacos; e o HDL (lipoproteína de alta densidade), considerado “bom” por ajudar a remover o LDL das artérias.

Além disso, um artigo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, revelou em pesquisas recentes que o consumo de colesterol na dieta tem efeito limitado nos níveis de colesterol LDL para a maioria das pessoas. Assim, mesmo que o ovo tenha uma quantidade considerável de colesterol, nem sempre levará a doenças.

panela com ovos cozidos cortados ao meio, em cima de uma toalha xadrez.
A maioria das pessoas saudáveis pode comer até sete ovos por semana, sem aumentar de forma significativa o risco de doenças cardíacas (Imagem: Freepik)

Para manter uma alimentação balanceada, o site especializado Healthline explica que a quantidade de ovos ideal por dia depende da saúde geral e do histórico médico de quem o consome. A maioria das pessoas saudáveis pode comer até sete ovos por semana, sem aumentar de forma significativa o risco de doenças cardíacas. A quantidade vale tanto para o consumo de ovos inteiros quanto apenas das claras.

Outra informação dada pelo site Today revela que pesquisadores analisaram pessoas que comeram 12 ovos por semana, e seus níveis de colesterol se mantiveram semelhantes aos que seguiram uma dieta sem o alimento. Na pesquisa, 140 pessoas com doenças cardíacas ou com alto risco de desenvolver foram escolhidas para comer uma dúzia ou mais de ovos por semana, enquanto outras consumiram menos de dois.

Ainda assim, pessoas que possuem condições específicas como diabete tipo 2 ou histórico de doenças cardíacas devem tomar mais cuidado. Nesses casos, a recomendação é limitar o consumo de ovos a menos de sete por semana. Há, ainda, pessoas que podem precisar de uma consulta com nutricionista para saber a quantidade exata, ajustando a dieta de acordo com suas necessidades.

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É saudável comer 10 ovos ou mais por dia?

Segundo Antonio Herbert Lancha Jr., professor da Universidade de São Paulo (USP), nenhum alimento tem consumo livre, nem mesmo os vegetais, legumes ou frutas. Todos os alimentos precisam respeitar a quantidade máxima de acordo com a nossa necessidade diária.

Ovos cozidos cortados ao meio em volta de outro alimento em um prato.
O consumo excessivo de ovos pode afetar a saúde (Imagem: Freepik)

Por mais que o ovo seja popular entre atletas e fisiculturistas (por seu baixo custo e fácil preparo) muitos dos hábitos praticados por essas pessoas (com relação ao alimento) não são embasados pela ciência. Isso porque cada pessoa tem uma resposta metabólica diferente: enquanto uns podem tolerar bem o consumo excessivo de ovos, outros provavelmente não vão ser assim.

Os especialistas dizem que pessoas que praticam uma grande quantidade de exercícios, ou que não consomem outras fontes de proteína, por exemplo, podem receber a recomendação de comer mais ovos. Contudo, a quantidade consumida por Gracyanne, por exemplo, é considerada extremamente excessiva e pouco saudável.

O médico endocrinologista e do esporte, Ricardo Oliveira, alerta para o aumento dos níveis sanguíneos do colesterol, já que a gordura que está na gema representa cerca de 25% do conteúdo nutricional do ovo. Além do colesterol, o consumo exagerado de ovos pode causar o excesso de absorção de proteínas, podendo causar desequilíbrio a longo prazo para as funções renal e hepática.

A recomendação máxima do consumo de proteína por dia é, em média, entre 0,8 a 1,2 g por kg de peso, variando de acordo com o sexo, peso, idade e doenças associadas. Duas porções de ovos são cerca de 20% das recomendações das necessidades diárias. Até mesmo para atletas, a quantidade também varia com a modalidade praticada, pois o excesso de proteína em alguns exercícios pode desidratar o corpo e levar a lesões.

Segundo Antonio Lancha Jr., algumas pesquisas demonstram que o consumo em excesso dos ovos pode também provocar alteração nas bactérias do intestino, levando à produção de uma substância chamada TMAO, que está ligada ao estímulo da produção de colesterol.

Além disso, o excesso de proteína na alimentação pode levar à produção de sulfeto de hidrogênio (H2S), que está ligado à proliferação de células tumorais no intestino.

Camila Oliveira
Colaboração para o Olhar Digital

Camila Oliveira é jornalista desde 2012. Curiosa e inquieta, já passou por diversas editorias e também trabalhou em outras áreas. Hoje é colaboradora do Olhar Digital e escreve sobre o que mais gosta.

Wagner Edwards
Editor(a) SEO

Wagner Edwards é Bacharel em Jornalismo e atua como Analista de SEO e de Conteúdo no Olhar Digital. Possui experiência, também, na redação, edição e produção de textos para notícias e reportagens.