Megacidade futurista em linha reta ganha novos detalhes

No Fórum Econômico Mundial, em Davos, executivos do projeto Neom deram detalhes do cronograma ambicioso das construções e de como será a vida nas cidades do futuro
Por Samuel Amaral, editado por Lucas Soares 30/01/2025 05h50
The Line, parte do projeto Neom da Arábia Saudita
(Imagem: choi yurim / Shutterstock)
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No oeste da Arábia Saudita, o projeto Neom ocupa uma área com aproximadamente o tamanho da Bélgica. Dentro desse espaço, o governo e empresas participantes planejam construir diversas cidades com o foco de diversificar a economia, uma vez que se espera uma redução do uso do petróleo nos próximos anos.

A The Line, metrópole que ficou popular por sua ousada arquitetura, será a capital de Neom. Ela terá uma altura de 500 metros e uma largura de 200m, com um comprimento de 170 quilômetros. 

A nova cidade linear terá um interior futurista. Para isso, contará com uma vigilância controlada por inteligência artificial, que acompanhará tudo, desde a capacidade energética até a administração do lixo.

Canteiro de obras da The Line
Projeto deverá entregar primeira fase até 2030. (Imagem: Divulgação / Neom)

Novos detalhes sobre esse plano foram revelados durante uma série de palestras em Davos, no evento do Fórum Econômico Mundial. O representante da Neom, Denis Hickey, explicou que a primeira fase da The Line está bem encaminhada e que deverá ser concluída em 2030.

Essa entrega inicial terá uma extensão de 2,4 km e servirá de lar para cerca de 300 mil pessoas. Para isso, o projeto está atualmente usando cerca de 20% do aço mundial, segundo o diretor de investimentos, Manar Al Moneef.

As estacas estão sendo cravadas no solo, enquanto as fundações deverão ser lançadas em breve. Espera-se que a construção comece a se verticalizar ainda este ano.

O megaprojeto tem grandes gastos

Para que o planejamento aconteça por completo, as autoridades sauditas encomendaram uma nova fábrica de concreto com valor de 190 milhões de dólares. A inédita indústria será capaz de produzir até vinte mil metros cúbicos de concreto por dia, sendo a maior parte destinada à The Line.

Há também mais de cem mil trabalhadores ocupados removendo enormes quantidades de terra. A movimentação no canteiro de obras ocorre 24 horas por dia, sete dias por semana, para abrir espaço para as enormes fundações dentro do tempo previsto.

Obras na The Line
Quase 1.000 das mais de 30.000 estacas da fundação estão colocadas até agora (Imagem: Divulgação / Neom)

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A divulgação dos dados da obra segue uma promessa dos organizadores do Neom de serem mais transparentes no processo de construção. O foco é acalmar os investidos e levantar mais fundos para o projeto.

Juntamente com The Line, que ganhou popularidade, outros projetos de alto perfil que estão atualmente em andamento na Arábia Saudita incluem Treyam, Epicon e Xaynor. O conjunto das obras vai do Mar Vermelho até as montanhas da província de Tabuk.

Como viverão as pessoas em Neom

Um dos principais tópicos de discussão do projeto foi como os residentes viverão. O pensamento atual não é de que a população fique em The Line a semana inteira, mas se aventure nas terras ao redor e aproveitem a paisagem que cerca a cidade.

O representante Hickey mencionou ainda que pode levar cerca de cem anos para preencher a cidade com nove milhões de pessoas. Ele enfatiza que o projeto é de longo prazo e que os investidores devem pensá-lo não como um edifício, mas sim como uma metrópole.

Ilha de Sindalah
Projeto da ilha de Sindalah, em Neom. (Imagem: choi yurim / Shutterstock)

O transporte não será por carros, o foco é em trens e táxis aéreos. Tudo isso deverá funcionar com energia solar e eólica, embora deixe uma margem de manobra para outras fontes energéticas.

A equipe responsável por Neom também enfatizou a localização do projeto próximo ao Canal de Suez. Ao conectar os mares Mediterrâneo e Vermelho, nele passa grande parte da navegação mundial e é ponto fundamental para o comércio internacional.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.