Seu banheiro pode ser mais poluído que uma rua movimentada

Estudo revela que rotinas comuns de modelagem capilar podem gerar bilhões de nanopartículas inaladas em poucos minutos
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Capozzi 25/08/2025 14h15
produtos cabelo
Imagem: Dream79/Shutterstock
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Um hábito diário de beleza pode estar liberando uma quantidade surpreendente de poluição dentro de casa.

Pesquisadores da Universidade Purdue descobriram que apenas 10 a 20 minutos de uso de chapinhas, modeladores ou secadores com produtos capilares comuns podem gerar a inalação de cerca de 10 bilhões de partículas ultrafinas — número comparável a fumar vários cigarros ou respirar o ar de uma avenida congestionada no horário de pico.

As partículas, menores que 100 nanômetros, resultam do aquecimento de silicones e outros compostos voláteis presentes em sprays, cremes e protetores térmicos. Uma vez inaladas, elas alcançam as regiões mais profundas dos pulmões e até a corrente sanguínea, acumulando-se no organismo.

“O número de nanopartículas inaladas pelo uso de produtos capilares típicos foi muito maior do que esperávamos”, afirmou Nusrat Jung, pesquisador principal do estudo.

Chapinha libera poluição invisível comparável a fumar cigarros – Imagem: Parilov/Shutterstock

Leia mais:

Chapinha é a maior vilã

Nos experimentos controlados, realizados em uma casa-laboratório, as chapinhas foram as que mais liberaram nanopartículas, especialmente em temperaturas acima de 150 °C.

Secadores emitiram menos, mas ainda em níveis considerados preocupantes. As análises químicas apontaram os siloxanos cíclicos (como o D5, silicone comum em cosméticos) como principais responsáveis pelas emissões.

“O calor é o principal fator. Ingredientes de baixa volatilidade vaporizam e se transformam em novas nanopartículas”, explicou Jianghui Liu, coautor da pesquisa.

Itens como sprays e cremes para o cabelo liberam partículas que alcançam os pulmões e podem entrar na corrente sanguínea – Imagem: Nicoleta Ionescu/Shutterstock

Como reduzir os riscos

Apesar dos resultados alarmantes, os cientistas destacam que é possível diminuir a exposição:

  • Ventilar o banheiro ou usar o exaustor, o que reduziu em mais de 90% a concentração de partículas;
  • Evitar temperaturas acima de 150 °C nas ferramentas;
  • Preferir produtos capilares sem silicone, que emitem menos nanopartículas.

A pesquisa, publicada na revista Environmental Science & Technology, é a primeira a quantificar esse risco invisível em rotinas comuns de cuidados pessoais.

“Até agora, o público tinha pouca noção de que seus hábitos de modelagem capilar poderiam representar uma fonte significativa de poluição do ar em ambientes internos”, concluiu Jung.

Pesquisadores alertam para riscos de nanopartículas liberadas por ferramentas térmicas – Imagem: New Africa/Shutterstock
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.