Neandertais poderiam ter comunicação elaborada, revelam estudos

Estudos recentes têm revelado que os neandertais não eram simples brutamontes, mas poderiam ter linguagem e comunicação complexas
Por Samuel Amaral, editado por Flavia Correia 18/09/2025 20h30
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Pesquisas recentes têm revelado que o Homo neanderthalensis era mais inteligente do que pensávamos. (Imagem: Denis---S / Shutterstock)
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Diferentemente dos personagens em filmes e séries de televisão, os neandertais não eram simples brutamontes. Nas últimas décadas, pesquisadores descobriram que esses hominídeos eram capazes de ter uma linguagem complexa, podendo emitir sons elaborados além dos urros e gritos.

Em 2009, a BBC acompanhou uma equipe de especialistas em estudos da voz durante a produção do programa Neanderthal: The Rebirth. Esse grupo analisou o esqueleto completo de um neandertal para descobrir quais sons esses seres primitivos eram capazes de fazer.

Os pesquisadores desenvolveram um modelo 3D do trato vocal de um desses hominídeos a partir do conhecimento de sua anatomia. Caixa torácica profunda, crânio pesado e cavidade nasal ampla foram fatores essenciais para definir que esses sujeitos eram capazes de emitir um grito nasal agudo.

Representação artística em impressão 3D de um homem neandertal
Representação artística em 3D de um homem neandertal. (Imagem: RaveeCG/ Shutterstock)

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Estudos têm revelado a inteligência dos neandertais

Um conjunto de estudos dos últimos anos foi além: mostrou que os neandertais tinham um cérebro mais complexo do que pensávamos. Assim como poderiam ser capazes de fazer arte, segundo revelou um artigo de 2025, pesquisadores acreditam que esses hominídeos teriam potencial para desenvolver a linguagem.

Em uma pesquisa de 2021, um grupo de antropólogos recriou o crânio de um neandertal em computador. O grupo descobriu que eles eram capazes de produzir fala e escutar entre frequências de 4-5 kHz, próximas ao que o Homo sapiens moderno consegue captar. Os pesquisadores estimaram que isso indicaria a existência de um sistema de comunicação complexa e eficiente entre esses grupos primitivos.

Crânio de neandertal descoberto em 1909 na França. (Imagem: Puwadol Jaturawutthichai – Shutterstock)

Uma equipe multidisciplinar abordou a questão de uma perspectiva mais ampla em 2023. Ao combinar anatomia, genética, cognição, cultura e ambiente, os cientistas chegaram à mesma conclusão: os neandertais poderiam produzir sons como os atuais humanos, com algumas poucas diferenças. Esse estudo está disponível no servidor de pré-impressão PsyArXiv, onde aguarda revisão por pares.

A origem da linguagem no gênero Homo, no entanto, ainda segue um mistério para a comunidade científica. Estimativas recentes apontam para cerca de 135 mil anos atrás, enquanto outras revelam um ponto inicial em até 2 milhões de anos atrás.

Os neandertais habitaram a Terra entre 400 mil e 40 mil anos atrás, então é possível que tivessem vivido em um mundo ainda sem linguagem. Mesmo assim, é claro que esses hominídeos ancestrais não eram completos brutos, mas criadores de cultura e sociedades elaboradas. Somente pesquisas futuras poderão revelar mais sobre esses grupos, seus sons e sua possível comunicação.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.