Todas as sextas-feiras, ao vivo, a partir das 21h (pelo horário de Brasília), vai ao ar o Programa Olhar Espacial, no canal do Olhar Digital no YouTube. O episódio da última sexta-feira (19), que você confere aqui, foi um especial com imagens ao vivo de Saturno em oposição, o melhor momento do ano para observar o gigante gasoso.
Essa edição contou com três astrônomos amadores: Geovandro Nobre, Nyêrdson Ferreira e Marcelo Domingues. As imagens do planeta foram capturadas no Observatório Astronômico Rei do Universo (OARU), em Manaus, primeiro observatório astronômico do Amazonas, fundado por Nobre.
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Entenda o melhor momento do ano para observar Saturno
No último domingo (21), Saturno entrou em oposição, o momento ótimo do ano para observações. Esse evento ocorre quando um astro está no lado oposto do Sol em relação a Terra, com nosso planeta entre os dois corpos celestes.
Nesse momento, o gigante gasoso chegou o mais próximo possível de nós, ponto chamado de perigeu, o que o fez parecer maior no céu. Embora o ápice desse fenômeno tenha ocorrido no último final de semana, a chance de observação se mantem, já que a distância entre os planetas pouco se altera nos próximos dias.

Segundo Marcelo Zurita, astrônomo e apresentador do Olhar Espacial, para encontrar o planeta dos anéis no céu noturno nessa época, é necessário olhar na direção contrária a do Sol. Um observador a olho nu verá um ponto amarelo brilhante, como uma estrela. Com um telescópio apropriado, com cerca de 10cm de abertura (o diâmetro da lente), a visão será de uma forma oval, parecida com uma “azeitona no palito”.
Esse evento ocorre quase todos os anos, quando a Terra passa entre Saturno e o Sol. Como nosso planeta demora um ano para dar a volta ao Sol, enquanto o gigante gasoso leva 29,4 anos, isso gera um descompasso que faz com que as oposições de Saturno ocorram a cada 378 dias, cerca de duas semanas mais tarde a cada ano terrestre.
Entenda como os especialistas captam imagens de Saturno
Durante o Olhar Espacial, o observatório mostrava uma imagem tremida de Saturno devido à interferência da atmosfera. A passagem de nuvens à frente do telescópio borrava a figura do planeta.
Para contornar esse problema e gerar imagens em alta resolução do alvo, os astrônomos fizeram o processamento dessas fotos espaciais. Esse método consiste em captar milhares de quadros — como exemplo, Nobre captou mil durante o programa — e empilhar as melhores dessas imagens para alcançar um resultado nítido.
“Os softwares de processamento conseguem fazer essa mágica de extrair uma imagem bacana a partir de vídeos tremidos e sem tanta definição. É uma questão de extrair os melhores quadros do vídeo e empilhar para conseguir mais nitidez na imagem”, explicou Zurita.

Outro desafio encontrado por quem observa o céu noturno é o movimento da Terra. Conforme nosso planeta rotaciona sobre seu próprio eixo, a imagem no telescópio se move. Para solucionar isso, foram utilizados equipamentos motorizados na transmissão. “O motor faz a rotação inversa à da Terra e consegue estabilizar a imagem do planeta”, disse Ferreira.
Embora com dilemas de qualidade observacional, os especialistas relataram ser uma sensação única observar Saturno. “A primeira emoção é saber que você está vendo a luz que refletiu em Saturno e chegou ao seu olho, isso dá uma sensação especial. É diferente de observar uma foto. Ver ele “tremidinho” dá a emoção de estar vendo algo que está acontecendo agora.”, comentou Domingues.
O que esperar de Saturno para os próximos anos de observação
Para Domingues, “observar Saturno vale a pena a qualquer momento”. No entanto, é preciso estar atento aos grandes movimentos do planeta dos anéis nos próximos anos. Zurita destacou a raridade desses eventos: como as estações no gigante gasoso duram mais de sete anos, os fenômenos marcantes podem ficar separados por longos intervalos, às vezes, décadas.
Em março, os anéis se alinharam precisamente com a Terra, o que os fez praticamente desaparecerem para o observador. Nesse momento, era possível captar imagens apenas do planeta, sem suas argolas.

Segundo os especialistas, em um ano será possível observar um evento contrário: os anéis nítidos ao redor do globo do gigante gasoso. “A partir de 2026 os anéis estarão mais visíveis, até chegar no momento em que veremos a sombra projetada deles no planeta”, comentou Ferreira. O ápice desse movimento ocorrerá em 2032, quando os anéis aparecerão totalmente abertos ao redor de Saturno.

Em 6 de outubro, será possível observar Titã, a maior lua do gigante gasoso, projetar sua sombra sobre o planeta pela última vez este ano. Para isso, será necessário um telescópio com pelo menos 200 vezes de ampliação. Ferramentas online como o TheSkyLive.com podem ajudar a localizar Saturno no céu durante a passagem. Outro trânsito é esperado para janeiro de 2026. Após essa data, a próxima oportunidade será somente em 2040.