Mistério sobre a formação de Mercúrio pode ter sido revelado

Segundo novo estudo, um impacto entre dois protoplanetas de massas semelhantes pode explicar a composição de Mercúrio
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Layse Ventura 24/09/2025 06h40
mercurio-1920x1080
Planeta Mercúrio. Crédito: 24K-Production - Shutterstock
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Mercúrio é o menor planeta do Sistema Solar. Além disso, é o que está localizado mais próximo do Sol. Repleto de crateras e com temperaturas extremas, ele possui um grande núcleo metálico e um manto rochoso relativamente pequeno.

Essas características intrigam os cientistas há décadas. Até agora, a explicação mais aceita era que o planeta perdeu grande parte da crosta e manto após colidir com um grande corpo celeste. No entanto, um novo estudo propõe uma explicação diferente.

Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol (Imagem: Anna Marin N/Shutterstock)

Uma competição no Espaço

O problema com a teoria mais antiga é que simulações dinâmicas mostram que esse tipo de impacto envolvendo corpos de massas muito diferentes é extremamente raro. Publicado na revista Nature Astronomy, o novo trabalho apresenta como alternativa um evento mais plausível.

Segundo os pesquisadores, um impacto entre dois protoplanetas de massas semelhantes pode explicar a composição de Mercúrio.

A equipe defende que a colisão teria ocorrido em um estágio relativamente tardio na formação do Sistema Solar. Neste período, corpos rochosos de tamanhos semelhantes competiam por espaço nas regiões internas, mais próximas do Sol.

Eles eram objetos em evolução, dentro de um berçário de embriões planetários, interagindo gravitacionalmente, perturbando as órbitas uns dos outros e até colidindo, até que apenas as configurações orbitais bem definidas e estáveis que conhecemos hoje permanecessem.

Patrick Franco, primeiro autor do estudo
Astros enormes, como luas e planetas, passam pelo processo de diferenciação: os elementos menos densos sobrem para a superfície, enquanto os mais pesados afundam. Isso define a formação de seu núcleo e de suas camadas.
Composição do planeta intriga os cientistas (Imagem: Jcpag2012/Wikimedia Commons)

Para recriar esse cenário hipotético, os pesquisadores usaram um método numérico computacional chamado “hidrodinâmica de partículas suavizadas” (SPH). Ele pode simular gases, líquidos e materiais sólidos em movimento, especialmente em contextos que envolvem grandes deformações, colisões ou fragmentações.

Por meio de simulações detalhadas em hidrodinâmica de partículas suavizadas, descobrimos que é possível reproduzir a massa total de Mercúrio e sua proporção incomum de metal para silicato com alta precisão. A margem de erro do modelo foi inferior a 5%. Assumimos que Mercúrio teria inicialmente uma composição semelhante à dos outros planetas terrestres. A colisão teria arrancado até 60% de seu manto original, o que explicaria sua metalicidade aumentada.

Patrick Franco, primeiro autor do estudo

Leia mais

Partes de Mercúrio teriam acabado em Vênus (Imagem: Fordelse Stock/Shutterstock)

Pedaços de Mercúrio teriam sido incorporados por outro planeta

  • Além disso, o novo modelo evita uma limitação de cenários anteriores.
  • Os cientistas explicam que o material arrancado durante a colisão pode ser reincorporado pelo próprio planeta.
  • Se esse fosse o caso, Mercúrio não exibiria sua atual desproporção entre núcleo e manto.
  • Por isso, a equipe acredita que parte do material arrancado pode ter sido ejetada, tendo sido incorporada por outro planeta em formação, talvez Vênus.
  • Essa hipótese, no entanto, ainda precisa ser melhor estuda pela ciência, admitem os próprios autores do trabalho.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.