Moscas geneticamente modificadas “aprendem” novo ritual de namoro

Ao alterar um único gene, cientistas fizeram uma espécie cantar menos e oferecer “presentes” digestivos a suas pretendentes
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Layse Ventura 21/10/2025 07h10
mosca
Imagem: Deep Scope /Shutterstock
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Cientistas da Universidade de Nagoya, no Japão, conseguiram recriar em laboratório o ritual de acasalamento de uma espécie de mosca-das-frutas em outra, apenas modificando um único gene.

O estudo, publicado na revista Science, revela que pequenas alterações no código genético podem transformar comportamentos complexos, fornecendo pistas sobre como novas formas de interação social evoluem entre espécies próximas.

Simbologia do DNA
Pequenas mudanças no DNA podem remodelar circuitos cerebrais e gerar novos comportamentos sociais, revela novo estudo – Imagem: New Africa/Shutterstock

Táticas distintas de acasalamento

As moscas Drosophila melanogaster cortejam suas parceiras vibrando as asas e produzindo “canções” elaboradas. Já as Drosophila subobscura adotam uma tática bem diferente: os machos regurgitam comida e oferecem o conteúdo como presente, um gesto romântico peculiar, mas eficaz.

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O que o estudo revelou

  • A equipe identificou que a diferença entre as espécies está ligada ao gene FruitlessM (FruM), que regula o comportamento de cortejo.
  • Em D. subobscura, neurônios produtores de insulina no cérebro também expressam esse gene, conectando-se diretamente aos circuitos de cortejo.
  • Os cientistas então ativaram o FruM nesses neurônios de D. melanogaster, criando novas conexões cerebrais.
  • O resultado foi surpreendente: as moscas passaram a exibir o comportamento de “presentear” comida regurgitada.

Segundo o neurobiólogo Ryoya Tanaka, coautor do estudo, “a reconfiguração genética em pequena escala pode gerar novos comportamentos sem exigir novos neurônios”.

A descoberta sugere que mudanças sutis na arquitetura genética podem impulsionar a diversidade comportamental e a diferenciação entre espécies.

edição genética
Reconfiguração de poucos neurônios pode transformar comportamentos complexos e acelerar a evolução de espécies (Imagem: Natali_Mis / iStock)
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.