Juízes alertam para o uso indevido da IA em petições judiciais

Citações inexistentes e jurisprudências fabricadas estão forçando tribunais a revisar processos e repensar o uso da tecnologia no direito
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Layse Ventura 31/10/2025 07h20
juizes-ia-1920x1080
Imagem: Korawat photo shoot/Shutterstock
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Tribunais de diversos países estão enfrentando um novo desafio: petições judiciais escritas com auxílio de inteligência artificial e recheadas de erros, incluindo citações de casos que nunca existiram.

O fenômeno, apontado por advogados e registros públicos, acende um alerta sobre os riscos de confiar cegamente nas ferramentas de IA, como mostra a Associated Press.

ChatGPT; chatbot
Documentos jurídicos com erros grotescos mostram como o uso irresponsável da IA pode comprometer a credibilidade de advogados e empresas (Imagem: THICHA SATAPITANON/ Shutterstock)

“Alucinações” jurídicas preocupam especialistas

  • Segundo o advogado e cientista de dados francês Damien Charlotin, pesquisador da HEC Paris, ao menos 490 petições com “alucinações” (informações falsas geradas por IA) foram registradas apenas nos últimos seis meses.
  • “Até mesmo profissionais experientes podem cair nessas armadilhas. A IA é maravilhosa, mas também perigosa”, afirmou.
  • Em alguns casos, como o de um advogado da MyPillow Inc. nos EUA, juízes chegaram a aplicar multas após identificar dezenas de citações incorretas.

Leia mais:

Garantir que a inteligência artificial seja utilizada de forma ética é um dos grandes desafios das empresas no mercado atual (Imagem: Supatman/iStock)
Erros criados por ferramentas de IA já levaram juízes a aplicar multas e especialistas a pedirem mais cautela com a tecnologia nos tribunais (Imagem: Supatman/iStock)

IA como assistente – não como substituta

Especialistas recomendam tratar a IA como um apoio de produtividade, e não como uma substituta para o julgamento humano. “Pense nela como uma ferramenta que melhora o fluxo de trabalho”, diz Maria Flynn, CEO da organização Jobs for the Future.

Ela ressalta a importância da verificação manual das respostas: “A IA pode confundir fatos, e cabe ao usuário conferir cada informação antes de confiar nela.” Além disso, advogados alertam para o cuidado com dados confidenciais e gravações automáticas de reuniões, que podem violar regras de privacidade.

Petições com casos inventados e citações falsas estão se multiplicando nos tribunais (Imagem: CoreDesignKEY/iStock)
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.