Marte: Perseverance detecta algo incomum no planeta vermelho

Rover Perseverance está estudando objeto incomum enquanto trabalha na cratera Jezero
Rodrigo Mozelli15/11/2025 17h11
Rover Perseverance fotografando a superfície de Marte
Descoberta foi realizada pelo rover Perseverance (Imagem: NASA/JPL-Caltech)
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A NASA informou que o rover Perseverance encontrou uma rocha incomum em Marte. Isso porque ela pode ser um meteorito de ferro-níquel. Ela foi nomeada de Phippsaksla, possui cerca de 80 cm de diâmetro e se destaca, pois é diferente do terreno plano e fraturado no qual se encontra.

O Perseverance está estudando o objeto incomum enquanto trabalha na cratera Jezero, onde se encontra e a estuda desde 2021.

Imagem do meteorito encontrado em Marte
Phippsaksla é rico em ferro e níquel (Imagem: NASA/JPL-Caltech/ASU

Como o Perseverance “notou” a rocha singular em Marte?

  • O Perseverance fotografou Phippsaksla nos dias 2 e 19 de setembro, mas só na quinta-feira (13) a NASA revelou a descoberta;
  • Isso se deve muito à paralisação dos sistemas governamentais dos Estados Unidos, que acabou atrapalhando as comunicações de rotina da agência;
  • Caso o objeto espacial seja um meteorito, essa seria a primeira descoberta do tipo do Perseverance.

O rover usou o instrumento SuperCam, na última semana, para observar Phippsakla, o que determinou que a rocha possui alta concentração de ferro e níquel.

Objetos com essa característica mineral já foram encontradas em Marte pelos rovers Opportunity e Spirit, de modo que o fato de que o Perseverance ainda não tinha encontrado algo assim intrigou os pesquisadores.

Candice Bedford, cientista pesquisadora da Universidade de Purdue (EUA), disse que “foi um tanto inesperado que o Perseverance não tivesse detectado meteoritos de ferro-níquel dentro da cratera Jezero, principalmente considerando sua idade semelhante à da cratera Gale e o número de crateras de impacto menores, o que sugere que meteoritos caíram no fundo, no delta e na borda da cratera ao longo do tempo”.

Foto do meteorito tirada pela Perseverance
Suspeita-se que ela foi formada em um grande meteoro em algum lugar do Espaço (Imagem: NASA/JPL-Caltech/ASU)

Concentração de ferro e níquel encontrada em Phippsakla é incomum

Durante a análise feita pelo SuperCam, quando a equipe chegou à conclusão dos níveis elevados de ferro e níquel, eles também concluíram que isso é algo comum em meteoritos que vêm do interior de grandes asteroides, de modo que, com base em sua composição química, ele não foi formada em Marte, mas, sim, se originou em algum lugar do Espaço e só então caiu no planeta vermelho.

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Meteoritos são comuns

Enquanto em outros planetas é mais fácil detectar tais objetos espaciais, isso não vale para a Terra, mesmo que a presença de meteoritos em nossa atmosfera seja comum.

Os cientistas estimam que cerca de 48,5 toneladas de meteoritos nos atingem diariamente, contudo, boa parte queima na atmosfera ou cai nos oceanos. Até agora, foram detectados por aqui 60 mil desses detritos.

Boa parte deles são oriundos de asteroides, mas uma pequena parcela são originários da Lua e de Marte. Na Terra, já foram detectados, ao menos, 175 meteoritos marcianos.

Perseverance fotografando o planeta
Perseverance pode entrar para a lista de rovers que encontraram esse tipo de meteorito em Marte (Imagem: NASA/JPL-Caltech)

Voltando ao planeta vermelho, esses meteoritos carregados de ferro e níquel costumam resistir às intempéries marcianas e sobreviver lá. Desde 2005, a Sociedade Meteorítica, que monitora os meteoritos encontrados em várias partes, reconheceu 15 desses objetos espaciais em Marte, todos detectados por rovers.

Os pesquisadores da NASA pensam que os meteoritos que contém ferro podem resistir à erosão no planeta vermelho. Isso explicaria por que alguns deles surgem em terrenos planos e não em crateras. Há casos em que a cratera pode ter se desgastado há bastante tempo, deixando apenas a rocha.

Enquanto os cientistas planejam determinar a origem de Phippsaksla a partir de análises extras, o Perseverance opera em rochas mais antigas, de impactos anteriores, fora de Jezero.

Segundo Bedford, “se esta rocha for considerada um meteorito, o Perseverance poderá finalmente se juntar à lista de veículos exploradores de Marte que investigaram fragmentos de objetos rochosos que visitaram o planeta”.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.