No último dia 14, um grande bólido iluminou o céu do Triângulo Mineiro e se tornou um dos assuntos mais comentados do final de semana. Não demorou muito e surgiu um cidadão alegando ter encontrado uma rocha, ou meteorito, gerado por aquele bólido.

Muito espirituoso, o rapaz exibia o suposto meteorito nas redes sociais, inclusive expondo o momento em que dava um banho na rocha com água e detergente. Aquilo causou arrepios em muita gente, mas não em quem conhece um pouco sobre o assunto e percebeu rapidamente que aquela rocha não vinha do espaço. Sabe porquê?
Neste texto, vamos apresentar algumas dicas de como identificar um meteorito e o que fazer, caso encontre um desses visitantes do espaço.
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Meteoritos enfrentam uma jornada escaldante
Primeiramente, para identificar um meteorito, você precisa imaginar o que aconteceria com uma rocha se ela fosse submetida a jatos de plasma superaquecidos a dezenas de milhares de quilômetros por hora. Porque é exatamente isso que acontece quando uma rocha espacial atravessa nossa atmosfera.
Nesse processo, chamado ablação atmosférica, a alta velocidade da rocha comprime, aquece e ioniza os gases atmosféricos, gerando o plasma aquecido a temperaturas que chegam a 10 mil graus. Esse plasma vai vaporizar, de fora para dentro, grande parte da rocha.
Dessa forma, o pouco que sobrar vai apresentar uma crosta escura, bem fina (menos de 1 mm) e com aspecto de queimado, a chamada crosta de fusão. Ela geralmente é uma superfície suave, já que as partes mais proeminentes da rocha são arrancadas e suavizadas pela ablação. Por isso que meteoritos não tem o formato de “cocô” visto na imagem da suposta rocha mineira.

Mas eles podem apresentar pequenas depressões na superfície, chamadas remaglitos. São como se fossem marcas de dedos, e são mais profundas nos meteoritos metálicos.

E por falar em metais, 95% dos meteoritos tem alguma atração por imãs. Isso porque, a maioria deles tem uma pequena quantidade de ferro e níquel em sua composição. Uma exceção são os metálicos, que são, basicamente, feitos apenas de ferro e níquel.
Já o interior de um meteorito pode variar bastante, mas a maioria deles, os rochosos, tem o interior claro e com muitos côndrulos, pequenas esferas de material. O interior de um meteorito ferroso, que pode ser observado passando uma lixa em uma pontinha dele, deve parecer com aço.

Ainda tem um tanto de outros meteoritos mais raros que podem apresentar algumas características diferentes destas. Mas se você souber identificar a crosta de fusão, os remaglitos, a atração por imãs e o interior da rocha, vai poder identificar a maioria dos meteoritos. E o que fazer caso acredite que tenha encontrado uma dessas rochas espaciais?
Primeiramente, não precisa ter medo de manuseá-las. Elas não são radioativas nem tóxicas. Meteoritos são inofensivos. Já os cientistas podem ter reações imprevisíveis se pegarem você lavando um meteorito com água e detergente.
Então, nunca lave um meteorito. Nem faça chá com ele, porque os meteoritos não têm propriedades curativas. Também não transmitem doenças e nem dão azar. Mas, um meteorito costuma trazer muita sorte para quem encontra e trata ele muito bem.

E tratar bem um meteorito é mantê-lo longe da água e da umidade. Você pode guardá-lo dentro de um pote ou de um saco plástico, mantendo-o em um lugar fresco e arejado. Tire muitas fotos dele, com boa iluminação, mas sem flash. Envie essas fotos para um especialista analisar, juntamente com as coordenadas do local onde encontrou a rocha.

Aqui no Brasil, a BRAMON, a Rede Brasileira de Observação de Meteoros, costuma receber essas fotos, e tem vários especialistas que podem analisá-las e lhe orientar como proceder, caso confirme a origem espacial da sua rocha. O importante é saber identificar e tratar bem o seu alienígena!
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