Por que comemos galinha, mas não cisnes ou gaivotas? A ciência responde

Sabor, saúde e leis: descubra os motivos científicos e históricos que elegeram a galinha, e não cisnes ou gaivotas, para nosso cardápio
Por Bruno Ignacio de Lima, editado por Layse Ventura 22/11/2025 07h20
galinhas perambulando pela grama
Reprodução: Moonborne/Shutterstock
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Imagine um almoço de domingo: a mesa está posta, a família reunida e, ao centro da mesa, uma travessa quente. Mas, e se ao invés do frango assado, fosse uma gaivota ou um cisne? A cena parece absurda e, para a maioria de nós, até repugnante.

Mas, do ponto de vista biológico, são todos pássaros. Então, o que fez a humanidade eleger a galinha como a rainha do nosso prato, deixando outras aves fora do cardápio? A resposta não é apenas cultural, ela passa por biologia evolutiva, comportamento animal e, claro, riscos à saúde.

Por que nos acostumamos a comer só galinhas, mas não gaivotas e cisnes?

Nosso paladar não é restrito apenas ao frango. Ao longo da história e em diferentes culturas, diversificamos a proteína aviária: o peru é o rei do Natal, o pato tem seu lugar na alta gastronomia e a codorna é um petisco popular em muitos lugares. No entanto, gaivotas e cisnes permanecem fora dos limites culinários modernos.

Conforme apurado pelo IFLScience, a ciência explica essa exclusão através de dois fatores principais: o comportamento do animal (domesticação) e a cadeia alimentar (bioacumulação).

Prato de salada com frango
Prato de salada com frango (Imagem: phantomboy/Pixabay)

A regra de ouro na natureza para o consumo humano é: herbívoros são mais seguros e saborosos. As galinhas são onívoras, mas sua dieta controlada consiste basicamente em grãos e sementes, o que torna sua carne suave.

Já as gaivotas são predadoras e necrófagas. Elas comem peixes crus, insetos e, frequentemente, lixo humano. Isso impacta diretamente a qualidade da carne. Animais carnívoros tendem a ter uma carne com gosto forte, muitas vezes descrita como “oleosa” ou com sabor excessivo de peixe estragado. Além do paladar, há o risco sanitário.

A ciência alerta para a bioacumulação: poluentes e metais pesados tendem a se concentrar mais em animais que estão no topo da cadeia alimentar. Especialistas apontam que a fisiologia dessas aves marinhas, adaptada para processar dietas marinhas e detritos, torna sua carne pouco palatável e potencialmente arriscada para o consumo humano.

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Várias galinhas dentro de um galinheiro
Várias galinhas dentro de um galinheiro (Imagem: Javier Garcia/Pixabay)

A dificuldade da domesticação

Para que um animal se torne base da alimentação humana, ele precisa ser fácil de criar. As galinhas são o exemplo perfeito: crescem rápido, atingem a maturidade sexual em poucos meses, botam ovos quase diariamente e, crucialmente, não voam para longe quando soltas no quintal.

Em contrapartida, cisnes e gaivotas são pesadelos logísticos.

  • Gaivotas são migratórias e voam grandes distâncias; prendê-las exige gaiolas imensas, o que encarece a carne.
  • Cisnes são notoriamente agressivos e territoriais. Além disso, sua reprodução é lenta (botam ovos uma vez por ano), o que torna a produção em escala inviável.

O caso histórico dos cisnes

Curiosamente, o cisne já foi considerado uma iguaria, mas não pelo sabor. Na Inglaterra medieval e renascentista, comer cisne era um privilégio da realeza e um símbolo de status. No entanto, relatos históricos indicam que a carne era dura e precisava ser servida logo após o abate para ser minimamente comestível.

Com o tempo, a praticidade da galinha venceu o status do cisne. Hoje, além da questão do sabor, cisnes são frequentemente protegidos por leis ambientais em diversos países, tornando seu consumo não apenas desagradável, mas ilegal.

Bruno Ignacio de Lima
Colaboração para o Olhar Digital

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia e conteúdo perene. Atualmente, é colaborador no Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.