O buraco na camada de ozônio sobre a Antártica tem gerado crescente preocupação entre cientistas e ambientalistas. Nos últimos anos, ele tem-se estendido até dezembro, uma mudança significativa em relação ao seu padrão tradicional de pico entre setembro e outubro. Essa persistência prorrogada está levantando temores sobre seu impacto na vida selvagem local.

Um estudo publicado na revista Global Change Biology analisou os efeitos desse fenômeno na exposição à radiação ultravioleta (UV) na região. Com a destruição da camada de ozônio, a exposição à radiação UV aumenta consideravelmente, especialmente em dezembro, quando o Sol está mais alto no Hemisfério Sul.

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Índices de UV extremos foram registrados na Antártica nesse período, superando em muito os níveis pré-buraco. Essa exposição excessiva representa um perigo real para a vida selvagem.

Mudanças no potencial de exposição de organismos antárticos à radiação UV durante a primavera e o verão. Painel superior – se o pico de destruição da camada de ozônio ocorrer no início da primavera (setembro-outubro), a maioria dos organismos antárticos está protegida por gelo marinho e neve. Painel inferior – no final da primavera, a neve e o gelo derretem, e os organismos antárticos ficam expostos à luz solar. Uma recuperação tardia do buraco na camada de ozônio (novembro-dezembro) implica que mais radiação UV-B atinge os ecossistemas antárticos em um período que coincide com a alta temporada de reprodução de muitas espécies. Créditos: Sharon A. Robinson, Laura E. Revell, Roy Mackenzie e Raquel Ossola

Exposição prolongada aos raios UV compromete biodiversidade na Antártica

Os animais antárticos enfrentam desafios inigualáveis devido a essa exposição prolongada à radiação UV. Espécies como pinguins e focas, cuja temporada de reprodução coincide com dezembro, podem estar particularmente vulneráveis. A radiação UV em níveis extremos pode impactar sua saúde, capacidade de reprodução e até mesmo o sucesso na criação dos filhotes.

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Além disso, organismos fundamentais para o ecossistema antártico, como o plâncton, também sofrem os efeitos negativos dessa exposição prolongada. O plâncton desempenha um papel crucial na cadeia alimentar marinha e qualquer dano em sua população pode ter repercussões em cascata em todo o ecossistema.

Buraco de ozônio sobre a Antártida em sua extensão máxima em 7 de outubro de 2021. Os cientistas o definem como a área em que os níveis de ozônio estão esgotados abaixo de 220 unidades Dobson (azul escuro, marcado com triângulo preto na barra de cores). Crédito: NOAA Climate.gov

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Apesar de algumas espécies possuírem adaptações naturais para lidar com a radiação UV, como pigmentos protetores, a persistência do buraco de ozônio ainda representa uma adversidade significativa para a biodiversidade antártica. Para amenizar impactos, é essencial uma abordagem global e coordenada.

Isso inclui ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, principal causa das mudanças climáticas e do enfraquecimento da camada de ozônio. Além disso, medidas de conservação e proteção dos habitats naturais são fundamentais para garantir a sobrevivência e a saúde da vida selvagem na Antártica.

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O impacto do buraco de ozônio sobre a Antártica representa um desafio ambiental complexo que exige uma resposta abrangente e urgente por parte da comunidade global. A preservação desse ambiente único e de suas espécies requer um esforço conjunto para combater as mudanças climáticas, proteger a camada de ozônio e promover práticas sustentáveis em todo o mundo.