O super El Niño, que ganhou força ano passado e causou transtornos climáticos em todo o mundo, pode ter finalmente terminado. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informou nesta quarta-feira (12) que o fenômeno enfraqueceu e não é mais registrado.

“O atual padrão observado das condições de temperatura da superfície do mar do oceano Pacífico equatorial indica valores próximos da média climatológica, ou seja, descaracteriza o fenômeno El Niño e sinaliza condições de neutralidade”, diz o Inmet.

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O El Niño estava sendo observado desde junho de 2023 e causou uma elevação das temperaturas do  Oceano Pacífico Equatorial. Como consequências, as regiões Norte e Nordeste do Brasil registraram secas históricas, enquanto o Sul sofreu com um volume mais de chuvas.

O El Niño deste período foi classificado como de intensidade moderada a forte e embora não tenha sido o mais intenso já registrado, seus impactos foram significativos e com efeitos variados nas diferentes regiões do País

Inmet
Ilustração do fenômeno climático El Niño no mapa mundi
Fenômenos como El Niño podem contribuir com variações temporárias da temperatura média global (Imagem: Divulgação)

Veja a lista de impactos do El Niño divulgada pelo Inmet

  • Na região Sul, ocorreram eventos de inundação de excepcional magnitude no mês de maio, o que caracterizou o maior desastre por inundação no Rio Grande do Sul;
  • No Sudeste, já se observam estações em situação de estiagem na bacia do rio Doce. No rio Paraíba do Sul apesar da situação de normalidade, as vazões estão em recessão;
  • Na bacia do rio Paraguai, formadora do Pantanal, ainda persiste situação de seca na principal estação de monitoramento, Porto Murtinho, ao sul da bacia;
  • Na Região Norte, as vazões estão em elevação nos rios tributários do rio Amazonas ao noroeste da bacia, e em recessão nos rios tributários ao sul;
  • Na bacia do Rio Acre, após um período de elevação das vazões, as vazões encontram-se em níveis normais, porém já com um viés de recessão e tendência para a situação de estiagem;
  • Na bacia do rio Branco, em Roraima, houve a reversão da condição de estiagem para normalidade com viés de subida nas estações;
  • Destaca-se também a Bacia do Rio Madeira, em período de recessão e com cotas próximas ou abaixo da mínima histórica;
  • Na região Nordeste, destaque para a bacia do rio São Francisco, que apresenta a maioria das estações em situação de estiagem, caracterizando o período seco;
  • Na Região Centro-Oeste, com o estabelecimento do período seco, a maioria das estações apresenta situação de estiagem na Bacia do Rio Tocantins e aquelas em condição de normalidade estão em recessão.

Se o El Niño está indo embora, o La Niña está chegando

Já o La Niña é o oposto do El Niño e representa um resfriamento anômalo das águas superficiais do oceano Pacífico Equatorial. Esse fenômeno também desencadeia mudanças nos padrões atmosféricos e oceânicos, afetando o clima global. 

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Durante um episódio de La Niña, as temperaturas atmosféricas tendem a diminuir, e as chuvas podem se tornar mais escassas em algumas regiões, enquanto outras enfrentam aumento das precipitações. Isso pode resultar em secas prolongadas, invernos mais rigorosos, e até mesmo eventos extremos, como tempestades tropicais e furacões. Os impactos da La Niña podem afetar a agricultura, recursos hídricos, ecossistemas e economias em escala global.

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El Niño
Nasa capta imagem do El Niño – fenômeno meteorológico que eleva as temperaturas — Foto: Sentinel-6 Michael Freilich / Nasa

As previsões iniciais indicam que, a partir de junho, o La Niña causará chuvas acima da média em partes da região Norte, Minas Gerais e Bahia, enquanto no Sul, onde as enchentes foram recordes devido ao El Niño, as chuvas devem ficar abaixo da média.

Segundo o Inmet, a persistência e a expansão de áreas mais frias em direção a parte central do oceano, são condições favoráveis para formação do fenômeno La Niña, previsto para o segundo semestre do ano.