Numa guinada que pode representar um duro golpe para a Intel, a Microsoft anunciou que pretende começar a usar processadores com a arquitetura ARM em seus servidores. Tradicionalmente, os servidores da empresa usam chips com a arquitetura x86, que é dominada pela Intel.

De acordo com a Bloomberg, a empresa criou uma versão de seu sistema operacional Windows Server que roda em processadores ARM. Dentre as vantagens dessa tecnologia (que já é amplamente utilizada em processadores de smartphones) está o fato de que ela é mais econômica do ponto de vista de energia e que tem mais opções de fornecedores – incluindo a Qualcomm e a Cavium.

Jason Zander, vice-presidente da divisão de computação em nuvem da Microsoft, a Azure, afirmou que “isso é um compromisso significativo em nome da Microsoft”. “Nós não traríamos isso para uma conferência [a Open Compute Summit, onde o anúncio foi feito] se isso não fosse parte de nossos planos para o futuro”.

Zander ressaltou que servidores da Microsoft com processadores ARM “ainda não foram enviados para produção, mas esse é o próximo passo lógico”. Na Open Compute Summit, a empresa já mostrou como serão os designs dos servidores ARM. A ideia da Microsoft é continuar a ser competitiva em relação a outras gigantes que oferecem soluções de nuvem, como o Google e a Amazon.

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Problemas para a Intel

Essa medida é preocupante para a Intel porque a Microsoft é uma de suas maiores clientes no mercado de servidores. Segundo o The Verge, o setor rendeu um lucro de US$ 7,5 bilhões à empresa apenas em 2016 e se tornou estratégico para a Intel, já que as vendas de PCs não param de cair e a companhia saiu do mercado de smartphones.

Tradicionalmente, a Microsoft e outras grandes empresas de computação na nuvem usam os processadores Xeon, da Intel, em seus servidores. A dominância desses processadores no setor é tão grande que a empresa chega a afirmar em seu site que “98% da nuvem funciona com [processadores da] Intel”.

Há, obviamente, a possibilidade de que a própria Intel forneça processadores ARM (algo que ela já produz) aos servidores da Microsoft e, além disso, a mudança pode estar ainda bem distante de se consolidar. Mesmo assim, devido à importância que o mercado de servidores assumiu para a Intel, a mudança de um de seus principais clientes para longe de sua arquitetura pode ser muito perigosa.

Essa não é, aliás, a primeira vez que a Intel vê seu mercado ameaçado por essa arquitetura, que desde 2013 é uma pedra no seu sapato. Mais especificamente, a Qualcomm parece estar de olho em conquistar uma parcela dos 98% da nuvem que a Intel domina: a empresa anunciou recentemente um processador ARM de 48 núcleos voltado para servidores e fabricado no processo de 10 nanômetros, que a Intel vem penando para adotar em seus chips. Além disso, ela já conseguiu colocar seus processadores em servidores da Dell e da HP.