Talvez você fique surpreso, mas nesta segunda-feira (23) o Android está completando 11 anos no mercado. E muita coisa aconteceu neste tempo, transformando o que era uma ‘jogada arriscada’ do Google em um sistema que hoje é um dos mais usados em todo o mundo.

Para celebrar a data, preparamos uma ‘linha do tempo’ com alguns dos fatos mais importantes na história do robozinho verde e te convidamos a relembrar esta jornada. Venha conosco!

2003 – No começo havia Android, a empresa

A primeira versão do Android só foi lançada em 2008, mas o projeto começou muito antes. Em Outubro de 2003 Andy Rubin e mais três colegas criaram uma empresa chamada Android, com o objetivo de desenvolver um sistema operacional para câmeras digitais.

Foi apenas cerca de um ano depois que a empresa decidiu que o mercado de câmeras não era grande o bastante e mudou de objetivo, de olho em outro segmento que estava em franca expansão: telefones celulares.

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A Android foi comprada pelo Google em 2005 por um valor até hoje não divulgado, mas estimado em US$ 50 milhões. Rubin e seus companheiros foram trabalhar no Google, onde continuaram o projeto, que adotou o nome da empresa original.

2007 – Lançamento do iPhone

O que o lançamento do iPhone têm a ver com o Android? A resposta é: tudo. Até Steve Jobs subir ao palco, em 29 de Junho de 2007, o projeto Android caminhava numa direção completamente diferente. Os primeiros protótipos de smartphones com o sistema se pareciam mais com um BlackBerry, com tela pequena e teclado QWERTY.

O iPhone estava tão à frente do que a Google estava desenvolvendo que, ao assistir ao anúncio, Andy Rubin disse: ‘É, acho que não vamos lançar aquele telefone’. Imediatamente as prioridades do projeto mudaram rumo a um aparelho com tela grande e sensível ao toque, como no produto da Apple.

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Um dos primeiros protótipos do Android, codinome Sooner. (Crédito: The Verge)

2008 – Lançamento oficial

O Android ‘nasceu’ publicamente em 23 de Setembro de 2008, quando também veio ao mundo o primeiro smartphone equipado com o sistema. O T-Mobile G1 era exclusivo da operadora T-Mobile (assim como o iPhone era exclusivo da AT&T) e foi desenvolvido pela HTC, que o lançou na Europa com o nome de HTC Dream.

O G1 era radicalmente diferente da imagem de um smartphone que temos hoje. Tinha um teclado alfanumérico completo, porque na época o Android ainda não tinha um teclado virtual, um trackball clicável embaixo da tela (para mover um cursor, como um mouse) e cinco botões sob ela: Chamadas, Home, Menu, Voltar e Encerrar Chamadas.

Dá pra perceber que o Google ainda não punha muita ‘fé’ na idéia de uma tela sensível ao toque, e tentou atirar para todos os lados na tentativa de agradar o maior número de usuários possível.

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HTC Dream (ou T-Mobile G1), o primeiro smartphone Android

2009 – Chegada ao Brasil

O primeiro smartphone Android a chegar ao Brasil foi o Motorola DEXT (conhecido lá fora como CLIQ). Ele já tinha um design refinado, com apenas três botões embaixo da tela, mas ainda trazia um teclado completo, com direito a um ‘mini-joystick’ no lado esquerdo.

O sistema operacional era o Android 1.5 com a Motoblur, interface da época que prometia integração com redes sociais como o Orkut e o Twitter. Pesado e confuso, a Motoblur não agradou aos usuários e acabou sendo descontinuada pela Motorola alguns anos depois.

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Motorola DEXT: o primeiro Android no Brasil

2009 – Android 2.0 e Motorola Milestone

Pouco depois do lançamento do DEXT por aqui chegou aos EUA o DROID, conhecido aqui como Milestone. Também desenvolvido pela Motorola e comercializado com exclusividade pela operadora Verizon, o aparelho foi posicionado como o ‘anti iPhone’, com uma agressiva campanha de marketing apontando que o ‘DROID faz’ o que o iPhone não faz.

Era um senhor aparelho, com processador veloz (550 MHz!) e tela de alta resolução (854 x 480 pixels). Mas a estrela era o sistema operacional Android 2.0, com recursos até então inéditos, como navegação com o Google Maps, que em alguns anos tornaria os GPS automotivos obsoletos.

2010 – O primeiro Nexus a gente nunca esquece

Em 2010 o Google, até então uma empresa estritamente focada em software, decide experimentar o hardware e lança o Nexus One. Longe de ter apelo de massa como o iPhone, o aparelho foi criado como uma espécie de ‘ferramenta para desenvolvedores’, onde poderiam experimentar tecnologias que, acreditava a Google, logo estariam, ou deveriam estar, em todos os smartphones Android.

O programa Nexus durou até 2015. Nesse período de 5 anos o Google lançou um novo modelo por ano, alternando fabricantes como Samsung, LG, HTC e Motorola.

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Nexus One, o primeiro ‘celular do Google’

2010 – Galaxy S

Muita gente não se lembra, mas durante alguns anos após o lançamento do iPhone muito se especulava sobre quem seria o ‘matador de iPhones‘, o aparelho que iria destronar o smartphone da Apple e se tornar o novo queridinho do grande público. Apesar de uma boa tentativa da Motorola com o Milestone, considero o Galaxy S como o primeiro Android a concorrer em ‘pé de igualdade’ com o iPhone, que na época já estava em sua quarta geração.

Apoiado por uma verba de marketing considerável e sede de sua fabricante por uma maior participação no mercado, o Galaxy S acabou dando origem à linhagem mais duradoura entre smartphones Android, e com o passar dos anos passou a ser considerado o ‘fiel da balança’, o aparelho contra qual todos os outros Android, e até os iPhone, são comparados.

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Samsung Galaxy S: pai de uma extensa linhagem que perdura até hoje

2010 – O Android supera o iPhone

Foram necessários apenas dois anos para o Android superar o iPhone em participação no mercado, marca que foi atingida no final de 2010. Era questão de tempo, afinal o sistema era usado por inúmeros fabricantes de smartphones, com as mais variadas faixas de preço, competindo contra um modelo de uma fabricante só.

Segundo dados do StatCounter referentes a Agosto de 2019, hoje o Android tem 76,23% do mercado global de smartphones, contra 22,17% do iOS. Em terceiro lugar vem o novato KaiOS, com 0,59%.

2011 – Aventura nos tablets

O lançamento do iPad em 2010 mudou o cenário da computação móvel. Fácil de usar como um iPhone, mas muito mais leve e versátil que um notebook, ele logo esmagou os ‘netbooks‘ que faziam sucesso no mundo PC e criou uma nova categoria de mercado.

Não demorou muito para outros fabricantes se aventurarem no segmento, mesmo sem um sistema operacional adequado. A Samsung foi a primeira com seu Galaxy Tab, um tablet com tela de 7′ e mesmo processador do Galaxy S.

Mas o Galaxy Tab ainda rodava o mesmo Android 2.2 dos smartphones, e não tinha muitos recursos que tirassem proveito da tela grande. A primeira versão do Android feita ‘sob medida’ para os tablets foi o Android 3.0 Honeycomb, de Fevereiro de 2011, que chegou ao mercado com o Motorola Xoom, a aposta da Motorola contra o iPad.

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Motorola Xoom, o primeiro tablet com Android 3.0 Honeycomb

2014 – Material Design

A interface do Android mudou muito ao longo dos anos, mas a mudança que teve o maior impacto foi o que a Google chamou de ‘Material Design‘, que estreou no Android 5.0 Lollipop. O uso intenso do branco e de cores primárias, ícones e elementos de interface ‘planos’ e janelas e menus ‘empilhados’ como pedaços de papel sobrepostos são legados desta linguagem que estão presentes até hoje.

2016 – Família Pixel

A Google encerrou o programa Nexus em 2016 e passou a chamar seus aparelho de Pixel. O primeiro smartphone da família foi o Google Pixel, lançado em Outubro de 2016, e marcou uma mudança de estratégia para a companhia: não só ela iria tentar competir pelo grande público contra outras fabricantes, como a Google decidiu acabar com a estratégia de ‘bom e barato’ usada pelos Nexus, posicionando seus aparelhos com preço similar aos iPhones da mesma geração.

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Fora o tamanho da tela, os Pixel não mudaram muito nas últimas gerações

2017 – Google Assistente

Após uma estréia no Pixel, o assistente virtual do Google chegou a outros aparelhos em 2017. Com o passar do tempo foi ficando mais esperto, ganhando a capacidade de ‘seguir’ conversas para inferir contexto e se adiantar às necessidades do usuário: por exemplo, informando sobre um problema de trânsito no caminho antes mesmo dele sair do serviço.

Um dos desenvolvimentos mais impressionantes é o Duplex, sistema que permite ao Google Assistente imitar a voz, e os ‘tiques’ vocais, de um humano e fazer ligações para restaurantes, salões de beleza e outros estabelecimentos para marcar um horário para o usuário.

2018 – A melhor câmera

Desde o iPhone 4 que a fotografia é um dos fortes do aparelho da Apple. A empresa se gaba de que seus smartphones são ‘a câmera mais popular do mundo‘ e investe pesado em recursos nessa área. E durante muito tempo, embora houvesse câmeras muito boas em smartphones Android, a Apple era considerada imbatível no quesito qualidade de imagem.

Até a chegada do Pixel 3. Fazendo uso pesado de recursos de inteligência artificial para análise de imagem, em 2018 o smartphone do Google finalmente derrotou o iPhone e foi considerado ‘a melhor câmera’ por várias publicações especializadas.

Um de seus principais destaques foi o Night Sight, que permite fotos noturnas com pouquíssima luz, em cenas onde um iPhone não enxergaria nada. Ao longo do último ano, temos visto cada vez mais fabricantes investindo em recursos similares.

E você, tem alguma lembrança marcante do Android nos últimos 11 anos? Qual foi seu primeiro aparelho? Qual recurso fez você se apaixonar pelo sistema? Compartilhe sua história nos comentários abaixo.