A autoridade de saúde da Europa (EMA) confirmou a aprovação da vacina BNT162 – desenvolvida pela parceria entre a americana Pfizer e o laboratório alemão BioNTech – para aplicação em toda a União Européia, abrindo o precedente para que países pertencentes ao bloco comecem a imunização contra a Covid-19 antes do fim de 2020.

O Reino Unido, que deixou a União Europeia após a promulgação do Brexit, já havia aprovado o uso da mesma vacina em seu público no começo do mês, mas a região foi acometida por uma segunda leva do novo coronavírus (Sars-Cov-2), que causou nova alta de infecções e interrompeu o volume comercial esperado pelas festas de fim de ano.

Vacina da Pfizer
Vacina da Pfizer, desenvolvida junto do laboratório BioNTech, recebeu aprovação do órgão de saúde europeu. Vacinações devem começar ainda este ano. Imagem: Voranee/Shutterstock

A aprovação da vacina por parte da EMA já era amplamente esperada, dando um passo decisivo na decisão final de aplicação da vacina ao bloco, que conta com cerca de 450 milhões de pessoas. Agora, falta a decisão definitiva por parte da Comissão Europeia, com expectativa de sair ainda nesta segunda-feira (21).

“Agora, vamos agir com velocidade. Eu espero uma decisão da Comissão Europeia ainda nesta noite”, disse a chefe da Comissão, Ursula von der Leyen, no Twitter. A comissária já esperava iniciar os processos de vacinação na União Europeia entre 27 e 29 de dezembro de 2020, ao mesmo tempo em que vários países vêm sendo acometidos por uma nova cepa do novo coronavírus, com potencial mais infeccioso e que já teve detecções na Inglaterra, Itália e outras nações.

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Segundo a EMA, a vacina da Pfizer também é eficaz contra essa nova versão do vírus. A agência de regulação de saúde estava sob pressão pela aprovação de uma vacina já há semanas – sobretudo da Alemanha, que foi de um caso de sucesso contra a Covid-19 a um dos países mais afetados pela segunda onda. A nação liderada por Angela Merkel disse que a vacinação poderia ser aplicada no país a partir de 27 de dezembro, mas que dependia da aprovação do órgão responsável.

“Nós conseguimos revisar o prazo de avaliação das vacinas contra a Covid-19 graças aos incríveis esforços de todos os envolvidos nessas análises”, disse o chefe da EMA, Emer Cooke, na semana passada. “O número de infecções está aumentando por toda a Europa e nós estamos cientes da grande responsabilidade que temos para levar uma vacina ao mercado o quão rápido nos seja possível, mantendo a robustez de nossa avaliação científica”.

Quem vai usar a vacina da Pfizer?

A pressão sobre a EMA para a aprovação da vacina BNT162 aumentou no começo de dezembro, quando o Reino Unido e os Estados Unidos aprovaram a aplicação do imunizante. No caso dos EUA, ainda há uma segunda vacina já aprovada, desenvolvida pela Moderna.

Além destes, outros países já firmaram acordos de aquisição da medicação da Pfizer BioNTech: a Suíça já aprovou os resultados de testes feitos com a vacina, abrindo caminho para a sua aplicação em seus cidadãos. O México também assegurou um amplo volume de doses do imunizante da farmacêutica estadunidense.

novo coronavírus
Com a segunda onda do novo coronavírus, o mundo vem passando por novos picos de infecção enquanto espera aprovação de diversas vacinas. Imagem: Andrii Vodolazhskyi/Shutterstock

O Brasil ainda está em situação de negociação com a empresa para oferecer a vacina ao mercado interno. Em comunicado recente, a empresa confirmou estar em negociação com o governo federal, mas o caráter das conversas a impede de oferecer maiores detalhes. Ela admitiu, porém, que trata do assunto com o Brasil dentro das mesmas cláusulas contratuais aplicadas a outras nações.

A vacina da Pfizer, porém, chegou a ser considerada uma “carta fora do baralho” no começo de dezembro, já que, pelas normas de manutenção divulgadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a temperatura exigida para armazenamento da medicação não seria ideal. O órgão brasileiro recomendou a manutenção dos imunizantes “entre 2ºC e 8º C”, enquanto a vacina da Pfizer exige refrigeração a constantes -70º C. Especialistas, entretanto, afirmaram ser possível adaptar a rede de refrigeração para acomodar a vacina.

Fonte: Deutsche-Welle, Valor Econômico