Enquanto o mundo aguarda ansiosamente por uma vacina, a variante B117 mais contagiosa do novo coronavírus foi identificada pela primeira vez no Reino Unido, já chegou ao Brasil e vem preocupando autoridades de saúde no planeta inteiro. Países que já enfrentam uma segunda onda da Covid-19 temem que seus leitos de emergência sejam ocupados com uma rapidez ainda maior do que com aconteceu em 2020.

Mas o que já se sabe sobre essa variante B117? As vacinas em desenvolvimento são eficazes contra ela? O vírus modificado é mais letal? Reunimos algumas das informações mais recentes sobre essa variedade da Covid-19 que vem se espalhando com rapidez assustadora.

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Contágio mais rápido

Segundo especialistas britânicos, a variante do coronavírus não é mais letal que outras mutações, mas é até 70% mais contagiosa. Chamada de B117, a variante foi registrada no Reino Unido desde setembro de 2020 (embora não necessariamente tenha surgido lá), o que possibilitou que epidemiologistas e virologistas a estudassem antes do surto.

Dois estudos conduzidos por pesquisadores do Imperial College de Londres e uma pesquisa feita em parceria entre o European Bioinformatics Institute e o Wellcome Sanger Institute são as principais fontes de informação. De acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, até a semana de 9 de dezembro de 2020, essa variante era responsável por 60% dos novos casos de Covid-19 em Londres.

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Sinalização no centro da cidade de Cambridge pede que as pessoas mantenham distância, cidade está sendo assolada pela variante do coronavírus
Sinalização no centro da cidade de Cambridge, na Inglaterra, pede que as pessoas mantenham distância. Imagem: Private Event Photography/Shutterstock

A variante tem 17 mutações diferentes em seu código genético, mas a principal mudança que caracteriza a B117 está na proteína spike, na superfície do vírus que se liga às células humanas. O Sars-Cov-2 modificado é capaz de se ligar melhor aos receptores nas células, além de escapar melhor do sistema imunológico em algumas pessoas. Essas mudanças ajudaram o vírus a se adaptar melhor aos humanos.

Não há evidências, porém, de que a B117 cause mais gravidade na doença ou aumente o risco de morte. “Como as variantes se espalham mais rapidamente, elas podem levar a mais casos e colocar ainda mais pressão em nossos sistemas de saúde altamente sobrecarregados”, explica Henry Walke, gerente de incidentes para a resposta à Covid-19 do CDC. “Precisamos estar ainda mais vigilantes em nossas medidas de prevenção para desacelerar a disseminação”, completa.

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Eficácia da vacina na variante B117

Os pesquisadores acreditam que é improvável que a mutação tenha um impacto massivo na imunidade adquirida por infecções anteriores ou pela vacina. O vírus teria que acumular múltiplas mutações na proteína spike para “driblar” essa imunidade induzida.

Isso ocorre, porque quando recebemos uma vacina, nosso sistema imunológico produz muitos anticorpos contra uma grande parte do vírus – não apenas uma pequena seção que pode mudar quando o vírus sofre mutação. Portanto, mesmo que a variante B117 contenha 17 mutações, alguns anticorpos direcionados à vacina provavelmente ainda se ligam e neutralizam o vírus.

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Confirmação sobre a eficácia da vacina contra a variante deve ser divulgada após testes feitos pela Pfizer. Foto: REDPIXEL.PL/Shutterstock

Onde a B117 já foi identificada

A variante da Covid-19 foi detectada em pelo menos 33 países, incluindo Austrália, Bélgica, Canadá, Chile, China, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Islândia, Índia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Líbano, Malta, Holanda, Noruega, Paquistão, Portugal, Singapura, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Suíça, Taiwan, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos.

No Brasil, dois casos foram identificados em São Paulo, ainda em dezembro. As duas pessoas não são relacionadas, e uma delas recebeu visita de parentes que moram no Reino Unido. A África do Sul também identificou uma variante do Sars-Cov-2, mas que não é semelhante a B117.

Via: Tech Times/USA Today/CDC/OMS/NPR/ABC News