Depois do ataque ao Capitólio no início de janeiro e da queda da rede social Parler, plataforma preferida dos extremistas de direita, o grupo QAnon foi banido de várias plataformas, incluindo o Facebook e Twitter. Agora os extremistas de direta estão migrando para o Clapper, uma plataforma similar ao TikTok que defende a liberdade de expressão.

Lançada em julho do ano passado, a rede social é praticamente um clone do TikTok, porém com um sistema de moderação mais leve que o concorrente. Desde seu lançamento, o Clapper conta com mais de 500 mil downloads, e o número de usuários não parou de crescer nas últimas semanas.

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Em uma das avaliações na Google Play Store, um dos usuários diz que a rede social “tomou o lugar do Parler” no compartilhamento de conteúdo extremista e teorias da conspiração do grupo QAnon.

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Clapper é praticamente um clone do TikTok e conta com mais de 500 mil downloads. Imagem: Clapper

Entre postagens comuns, a plataforma possui conteúdo desinformativo, como informações antivacina e vídeos que ofendem democratas. Hashtags políticas como #trump2020 estão entre as mais populares na rede social.

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Nova opção para conservadores

O Clapper se tornou um refúgio para os conservadores que discordam das decisões de moderação de grandes plataformas, como Facebook, Twitter, e especialmente o TikTok. Na rede social chinesa, hashtags como #joinclapper, mostram vários vídeos anunciando a migração para o clone do TikTok.

“O Clapper é exatamente como o TikTok, mas tem um conteúdo melhor e não censura as pessoas como um bando de comunistas”, diz um dos posts compartilhados no TikTok.

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Josh Sardam, usuário do Clapper, fez vídeos apoiando extremistas de direita. Em um grupo de mensagens privadas, Sardam compartilha memes e teorias e recebe doações para apoiar o “trabalho”. Ele já possui quase 30 mil seguidores no aplicativo.

Depois da queda do Parler, Clapper vira refúgio para extremistas de direita. Imagem: lev radin/Shutterstock

Edison Chen, CEO e cofundador do Clapper, está ciente que o crescimento da rede vemm principalmente de fanáticos e conservadores, mas ele não está perdendo o sono por isso. Em declaração ao portal The Verge, Chen confirma que “há muitos conservadores e políticos (no Clapper)”.

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“Penso que eles sentem menos censura aqui e são expulsos de outras plataformas de mídia social. Então, eles vêm até nós e trazem algumas oportunidades, mas (também) alguns desafios”.

Questionado se o Clapper permite conteúdo QAnon, Chen disse que a moderação da plataforma depende dos comentários de seus usuários, mas ressalta que “conteúdo que pode incitar a violência é proibido”.

Segundo o cofundador da rede social, o Clapper já identificou vários usuários suspeitos e está conduzindo uma investigação interna para saber se eles violaram ou não as políticas de uso do aplicativo: “Alguns dos usuários estão falando muito sobre QAnon, e ainda estamos trabalhando nisso para investigar se eles realmente são contra as diretrizes da nossa comunidade”.

Ataques ao Capitólio

A rede social emitiu um comunicado oficial no dia 10 de janeiro em resposta aos ataques ao Capitólio.

“Como muitos americanos, assistimos com horror quando uma multidão violenta invadiu o Capitólio dos EUA em nome de ‘protesto político’. Após esses eventos, queremos enfatizar novamente que a plataforma Clapper tem tolerância zero a violência de qualquer tipo, assim como com indivíduos que incitam a violência para ganhos pessoais ou políticos. ”

No início deste mês, conteúdo postado no Clapper ajudou o FBI a identificar um dos homens que participou do motim no Capitólio. Justin Stoll foi preso e acusado de fazer ameaças no dia 15 de janeiro. Em vídeos postados no Clapper, Stoll fez comentários ameaçadores antes do tumulto e postou vídeos fora do Capitólio ao lado de outros manifestantes.

Por fim, Chen declarou que o Clapper não pretende se tornar uma plataforma política conservadora, e que a rede social deseja destacar a vida de usuários comuns. “As plataformas de mídia social direcionam a maior parte do tráfego para grandes criadores, enquanto o criador intermediário e o usuário normal não têm a oportunidade de falar e ser visto”.

Fonte: The Verge