Os militares que comandam o golpe de estado em andamento em Mianmar ordenaram que as empresas de telecomunicações locais bloqueiem temporariamente o Facebook. A medida, que de acordo com as autoridades foi tomada por uma questão de “estabilidade”, vale até a meia-noite de 7 de fevereiro.

O governo provisório do país asiático alega que a rede social está contribuindo para a instabilidade. O golpe, liderado pelo chefe das Forças Armadas Min Aung Hlaing, instalou uma junta de onze membros que tomaram o lugar do governo civil democraticamente eleito.

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Segundo NetBlocks, que rastreia o uso global da internet, a operadora de telecomunicações estatal MPT bloqueou o Facebook, Messenger, Instagram e WhatsApp. A Telenor, uma das quatro operadoras de telecomunicações privadas de Mianmar, expressou “graves preocupações em relação à violação dos direitos humanos”, mas cumpriu a ordem da junta militar.

Um porta-voz da rede social disse que a empresa estava “ciente de que o acesso ao Facebook está atualmente interrompido para algumas pessoas” e acrescentou: “Instamos as autoridades a restabelecer a conectividade para que as pessoas em Mianmar possam se comunicar com suas famílias e amigos e acessar informações importantes”.

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Apoiadores em Bangkok protestam do lado de fora da Embaixada de Mianmar contra o golpe militar. Imagem: Kan Sangtong/Shutterstock

Rápida transformação digital

O Facebook se tornou popular na região quando a empresa permitiu que o aplicativo fosse usado sem custos de dados em Mianmar. Metade dos 54 milhões de habitantes de Mianmar usa a rede social, e ativistas criaram uma página para coordenar a oposição ao golpe.

Até meados dos anos 2000, a maioria das pessoas em Mianmar não tinha acesso à internet ou telefones celulares sob o governo militar. A MTP detinha o monopólio doa cartões SIM, que poderiam custar centenas de dólares.

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O país começou a se liberalizar em 2011. Três anos depois, duas empresas de telecomunicações receberam permissão para operar: a norueguesa Telenor e a Oredoo, do Qatar. “Mianmar ficou online mais ou menos da noite para o dia e quase de uma vez”, explica o analista político Richard Horsey, em entrevista à BBC.

Com o bloqueio do Facebook, outras mídias sociais e plataformas de mensagens viram um aumento no número de usuários em Mianmar, incluindo Twitter, Signal e aplicativo de mensagens offline Bridgefy.

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“As pessoas também viram como é fácil reprimir o Facebook e como a comunicação é frágil, especialmente sob o atual golpe militar. Então elas vão diversificar onde obter suas informações e como se comunicam entre si para mostrar sua oposição”, avalia Rin Fujimatsu, do grupo de pesquisa e defesa Progressive Voice.

Via: BBC/TechCrunch