Butanvac. Esse é o nome da candidata a vacina 100% brasileira, desenvolvida pelo Instituto Butantan, que deve iniciar os testes clínicos em humanos no país em abril. O anúncio foi feito na manhã desta sexta-feira (26) por Dimas Covas, diretor da entidade. “O pedido de autorização para o início dos testes clínicos em humanos deve ser entregue à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no decorrer do dia de hoje”, informa Covas.

O imunizante vai ser 100% feito no Brasil e usa a mesma tecnologia que já é aplicada na vacina da gripe. O Instituto Butantan domina completamente essa plataforma: é o maior produtor do imunizante contra a gripe na América Latina e entrega 80 milhões de doses anualmente. O fato de a fórmula ser totalmente feita por aqui liberta o país da dependência de importação de ingrediente farmacêutico ativo (IFA).

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Covas destaca que os testes clínicos de fase 1 e 2 em humanos devem ser iniciados em abril. “Queremos concluí-los em até dois meses. Em maio, quando a produção da vacina da gripe estiver terminada, já poderemos começar a produzir a Butanvac.”

Butanvac: testes de fases 1 e 2 com vacina brasileira devem começar em abril
Imagem: Reprodução

João Doria, governador do Estado de São Paulo, diz que a prioridade é usar a Butanvac para imunizar a população brasileira. “Depois dos brasileiros, ela pode, evidentemente, ser exportada para outros países”, afirma. Ele reforça que, quanto mais fórmulas capazes de imunizar contra a Covid-19 estiverem disponíveis, melhor.

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Para o desenvolvimento da Butanvac, foi criado um consórcio em parceria com o Instituto de Vacinas e Biologia Média (Ivac), do Vietnã, e a Organização Farmacêutica Governamental (GPO), da Tailândia. Covas diz que o imunizante é destinado a países de baixa e média renda. “A capacidade de produção anual vai ser de 100 milhões de doses. Até o fim deste ano, vai ser possível produzir 40 milhões de doses.”

Custo da Butanvac ainda não foi definido

O Instituto Butantan ainda não sabe qual será o custo por dose de imunizante. “As vacinas que usam essa tecnologia são muito baratas”, diz Covas. Ele explica que não há recursos do ministério da Saúde no projeto e que o governo federal não foi avisado sobre o desenvolvimento da Butanvac.

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A observação da criação de vacinas contra a Covid-19 em todo o mundo por um ano é uma vantagem que vai ser aplicada no desenvolvimento da Butanvac. “Com as vacinas anteriores, aprendemos o que é uma boa vacina contra Covid-19”, afirma Covas. “Teremos um imunizante melhor do que os atuais que pode até necessitar de menos doses por pessoa.” Ele afirma, ainda, que o desenvolvimento da Butanvac já contempla a variante brasileira P.1 do novo coronavírus.

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Atualmente, o Instituto Butantan faz o envase da vacina CoronaVac, desenvolvida pela Sinovac, com IFA importado da China. A transferência de tecnologia para a fabricação da substância por aqui deve ocorrer até o fim do ano. Mesmo com os planos da Butanvac, o instituto paulista não deve alterar o cronograma de produção da CoronaVac, que já é aplicada nos brasileiros desde janeiro.

Outros três projetos de candidatas a vacina estão em desenvolvimento no Instituto Butantan. Dois deles são em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e o terceiro está sendo feito em conjunto com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Confira a coletiva: