A Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um comunicado nesta quarta-feira (31) recomendando não usar o medicamento ivermectina para tratar pacientes com Covid-19. Segundo o órgão, “os dados sobre a eficácia do medicamento não deram resultados conclusivos contra a doença”.

O medicamento é um antiparasitário bastante comentado nas redes sociais. O sucesso da droga vem de um estudo australiano publicado em 2020 que observou uma eficácia em laboratório sobre o Sars-CoV-2. O medicamento é de baixo custo e muito usado em países da América Latina.

Ivermectina
Ivermectina não apresenta eficácia no tratamento da Covid-19, segundo OMS. Crédito: Secom/Divulgação

Os especialistas basearam suas conclusões em 16 ensaios clínicos randomizados com 2.400 participantes. O resultado mostrou que seu uso não é adequado, independentemente da gravidade ou duração dos sintomas. O alerta agora faz parte das diretrizes da OMS sobre os tratamentos para a doença. Segundo a organização, o medicamento deve ser usado apenas em ensaios clínicos, dentro de protocolos de pesquisa.

A recomendação da OMS reforça a afirmação feita pela Agência Europeia de Medicamentos, que também não recomenda o uso. O regulador americano, FDA, também expõe em seu site que a Ivermectina não deve ser usada.

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Um estudo colombiano recente também comprovou que o remédio não tem efeito contra o coronavírus. Dos 476 pacientes avaliados, 15 tomaram ivermectina e precisaram interromper o tratamento por efeitos adversos. Quatro pacientes tiveram falência múltipla de órgãos decorrentes da Covid-19.

No Brasil, médicos do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e do Hospital da Universidade de Campinas (Unicamp) afirmam que o uso indiscriminado do medicamento já causou a morte de quatro pacientes, que desenvolveram graves lesões no fígado.

Há relatos, ainda, de pacientes que tiveram que passar por transplante de fígado depois de terem se intoxicado com o medicamento. Em 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também se posicionou contra o uso do remédio para prevenir casos de contaminação pelo coronavírus.

Fonte: Jornal O Globo