Um usuário do iPhone teve um prejuízo milionário por causa da falta de cuidado da Apple na aprovação dos apps disponíveis na loja de aplicativos do iOS, a App Store. No início de fevereiro, Phillipe Christodoulou queria verificar o saldo de sua carteira de bitcoins, armazenada em um dispositivo de hardware chamado Trezor. Então ele procurou na App Store e encontrou um app com a logo do aparelho, avaliado com quase cinco estrelas.

Sentindo-se seguro, ele instalou o app e digitou suas credenciais, sem saber que estava caindo em um golpe: a Trezor não tem um app para iPhone. Em questão de segundos 17,1 bitcoins, avaliadas em US$ 600 mil (pouco mais de R$ 3,4 milhões) na época, sumiram de sua conta.

publicidade

Christodoulou culpa a Apple pelo golpe, já que a empresa constantemente anuncia a App Store como sendo “a loja de apps mais confiável no mundo”, onde todos os aplicativos são cuidadosamente analisados antes de serem publicados. “Ela traiu a confiança que eu tinha nela”, diz. “A Apple não merece se safar desta”.

Em 2014 a Apple baniu carteiras de criptomoedas da App Store, mas reverteu a decisão no mesmo ano. A empresa não permite apps para mineração de criptomoedas, e coloca restrições extras nas carteiras.

publicidade

Leia mais:

Mas os golpistas passaram pelo crivo da Apple usando um truque simples: registraram na App Store um app aparentemente inócuo, que prometia criptografar arquivos no iPhone e armazenar senhas. Uma vez aprovado, o app recebeu um update para se “transformar” no “Trezor”. 

publicidade

Esta prática é contra as regras da App Store, mas a companhia afirma que não tem como saber quando ela ocorre, e que depende de relatos de usuários para ser notificada destas mudanças.

A desenvolvedora do Trezor, Satoshi Labs, afirma que há anos vem alertando a Apple e o Google sobre apps falsos tentando enganar seus usuários, e que o processo é “doloroso”.

publicidade

O que a Apple fez sobre o caso?

Segundo uma porta-voz da empresa, a Apple foi notificada sobre um app falso em 1º de fevereiro, e ele foi removido da loja em 3 de fevereiro. Ou seja, ficou pouco tempo no ar, mas foi o bastante para vitimar Christodoulou. Ele entrou em contato com o suporte da Apple, e um representante afirmou que iria escalar o caso para um supervisor. Uma queixa também foi registrada no FBI.

Dispositivos da Trezor são como "carteiras" físicas para armazenar Bitcoins. Empresa não tem app para iOS ou Android
Dispositivos da Trezor são como “carteiras” físicas para armazenar Bitcoins. Empresa não tem app para iOS ou Android. Imagem: Trezor

Questionada pelo The Washington Post, a Apple não informou o nome do desenvolvedor do falso app Trezor, nem suas informações de contato. A empresa também não disse se iria disponibilizar estes dados às autoridades, se fez mais investigações sobre o desenvolvedor, ou se ele desenvolveu outros apps no passado ou tinha conexões com outros desenvolvedores usando outros nomes.

Com a recente valorização, as Bitcoin de Christodoulou valeriam hoje mais de US$ 1 milhão (R$ 5,7 milhões). Ele afirma que para lidar com a situação está tomando medicação e consultando um psiquiatra. “Ainda não me recuperei disso”, disse ele.

Fonte: The Washington Post