Startups e empresas de tecnologia estão criando produtos para atender às necessidades de saúde da mulher. O segmento, conhecido como “femtechs”, ainda é pequeno, mas cresce substancialmente.

O termo foi criado por Ida Tin, dinamarquesa fundadora do Clue, app de rastreamento de períodos de ovulação. A ideia surgiu, de acordo com Tin, quando ela se viu segurando um celular numa mão e um termômetro na outra. A empreendedora desejou fundir os dois para rastrear seus dias de fertilidade, em vez de anotar manualmente.

Até pouco tempo, as pesquisas eram majoritariamente adaptadas ao corpo masculino – em 1977, por exemplo, a Food and Drug Administration excluiu mulheres em idade fértil de participar de alguns testes de medicamentos, pela crença de que flutuações causadas pelos ciclos menstruais afetariam os resultados. Outro receio era de que se uma mulher engravidasse depois de tomar uma droga experimental, o feto estaria em risco.

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Em 2019, a indústria “femtech” gerou mais de US$ 820 milhões (cerca de R$ 4,5 bilhões) em receita global e recebeu US$ 592 milhões (aproximadamente R$ 3,3 bilhões) de investimentos em capital de risco. Os dados são da PitchBook, empresa de pesquisa e dados financeiros. O interesse por este mercado também faz parte da pesquisa. Dados mostram que as mulheres gastam cerca de US$ 500 bilhões (em torno de R$ 2,7 trilhões) por ano em despesas médicas.

Mulher trabalhando
Conheça as “femtechs”, empresas de tecnologia em saúde voltadas à saúde feminina.
Crédito: Freepik

Seguindo essa tendência, uma série de aplicativos e empresas de tecnologia surgiram na última década. Os objetivos variam desde o acompanhamento da menstruação e da fertilidade, até a oferta de soluções para gravidez, amamentação e menopausa. Segundo Michelle Tempest, sócia da consultoria de saúde Candesic, “o potencial das ‘femtechs’ é enorme graças ao apetite crescente por tecnologia e a percepção de que o poder de consumo feminino chegou”. Os cuidados com a própria saúde também aumentaram durante a pandemia da Covid-19.

Menopausa e câncer também são alvos das ‘femtechs’

Uma das vertentes das “femtechs” é a “menotech”, segmento que visa melhorar o estilo de vida das mulheres na menopausa, fornecendo acesso à telemedicina e a diversas informações importantes sobre o período. Existem, também, empresas de tecnologia médica focadas em câncer. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer do colo de útero é a quarta causa mais comum da doença entre as mulheres.

Câncer entre jovens

Cresce o número de empresas de tecnologia médica focadas em câncer nas mulheres.
Crédito: Shutterstock

A MobileODT, startup de Tel Aviv, em Israel, usa smartphones e inteligência artificial para testar o câncer cervical. Um colposcópio inteligente é usado para tirar uma foto do colo do útero a uma distância de um metro. A imagem é transmitida para a nuvem pelo smartphone e a IA identifica achados cervicais anormais. O diagnóstico é feito em 60 segundos. A tecnologia foi usada recentemente para selecionar 9 mil mulheres em três meses na República Dominicana como parte de uma campanha do governo. Outras 50 mil mulheres são esperadas para serem examinadas nos próximos seis meses.

O câncer de mama é a principal causa da doença no sexo feminino e outra preocupação das startups. A Rettice Medical, por exemplo, está focada em lidar com suas consequências. Por isso, desenvolveu um implante oco impresso em 3D que permite a regeneração do tecido. Depois da mastectomia, o cirurgião colhe um pequeno pedaço de gordura da área ao redor do seio e o coloca dentro da bioprótese. O pedaço de tecido cresce dentro do implante e o preenche. A cápsula impressa em 3D desaparece completamente após 18 meses. Os ensaios clínicos devem começar em 2022 para colocar o produto no mercado em 2025.

De acordo com um relatório da Frost & Sullivan, consultoria de pesquisa e estratégia, a receita das “femtechs” deve chegar a US$ 1,1 bilhão (cerca de 6,5 bilhões) até 2024.

Fonte: The New York Times

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